29 de abr. de 2010

1 Néfi 15:27 - Não observou a Imundíce

Interessante a frase de Néfi a seus irmãos, ao explicar o sonho de seu pai-profeta: “sua mente estava tão absorvida com outras coisas que não observou a imundície da água.” (1 Néfi 15:27)

Três coisas, ao menos, são ensinadas nesta frase: (1º) Os justos não dão importância à imundice; (2º) Os justos estão tão envolvidos nas coisas da retidão que não tem tempo para considerar a imundice; (3º) a mente pode considerar as “outras coisas” ou a água poluída, e se escolhe observar uma, acaba se tornando ignorante a respeito de outra.
Os profetas de Deus sabem tão bem a respeito das coisas da retidão, quanto das iniqüidades do mundo. Um homem defendeu o profeta Néfi, filho de Helamã:
“Deixai este homem em paz, porque é um bom homem; e as coisas que declara certamente acontecerão, a não ser que nos arrependamos; Sim, eis que todos os castigos que ele nos anunciou cairão sobre nós; porque sabemos que ele não disse senão a verdade sobre nossas iniqüidades. E eis que são muitas; e ele sabe tão bem das coisas que nos acontecerão quanto de nossas iniqüidades. Sim, e eis que se ele não fosse profeta, não poderia haver testificado a respeito dessas coisas.” (Helamã 8:7-9)
Os profetas sabem tão bem sobre a retidão quanto sobre as iniqüidades dos homens. Todavia eles preferem falar de prevenção e de arrependimento em vez de pecado e morte.
Alma, o filho, ordenou a Helamã que preservasse os registros jareditas ocultos. É evidente que Helamã conhecia as iniqüidades dos jareditas, pois tinha acesso a esses registros, mas foi proibido de deixar com que qualquer um soubesse sobre seu conteúdo (Alma 37:27). Os profetas compreendem a extensão e gravidade dos pecados – não porque cometeram tais falhas, mas porque lhes foi revelado. O corpo que é cheio de luz compreende todas as coisas. Ademais se eles não soubessem dos perigos espirituais e materiais não poderiam advertir-nos.
Embora Leí e Néfi viram o rio de águas impuras e soubessem que ele era uma representação do horrível inferno (1 Néfi 15:29), não desejaram aprender muito dele. Aprendi por revelação que aqueles que procuram compreender as trevas ficarão cheios de trevas e não compreenderão a luz. Os que procuram a luz compreenderão a luz e, conseqüentemente terão as dimensões das trevas.
Os assuntos e métodos do demônio não interessam aos justos. Os fiéis permanecem separados do mundo e não tocam em suas coisas imundas. Porque perder tempo olhando para o rio poluído, se podemos contemplar as águas vivas, sim, a árvore da vida? Não é muito melhor deixar o rio e desconsiderar os risos de Babilônia a fim de evitar a tentação de se perder por caminhos desconhecidos ou cair na iniqüidade?
Embora os justos saibam que a iniqüidade vem aumentando e que Satanás tem poder sobre esse mundo mal, eles colocam suas mente bons pensamentos. Não ficam desanimados e desmotivados pela imundice. Não ficam curiosos observando o rio, e se aproximando de sua margem perigosa. Enchem a mente de boas músicas e revelações. São rápidos em retirar qualquer pensamento pecaminoso do palco da mente, e são lentos em ponderar e meditar as escrituras sagradas. Não há tempo para refletir coisas que não tem valor. Em termos mais práticos, ver as novelas de hoje transmitidas tela televisão é o mesmo que olhar para um oceano de iniqüidades. Nossa mente se enche de pornografia, orgulho, maus tratos, perversão e vaidade. O mesmo se dá com os outros meios de comunicação, ver, pensar, ou participar de qualquer iniqüidade é lavar-se com águas mais impuras do que o Rio Tiete. Se houver permanência neste rio conspurcado a morte espiritual é certa!
É evidente que não podemos negligenciar um rio imundo. Devemos verificar sua existência. Ele é real e é perigoso. Mas não queremos saber nada mais sobre ele. Preferimos a luz. Não queremos ver ou saber sobre “Big Brother” – queremos ver e saber coisas que nos levarão para felicidade.
Não podemos escolher simultaneamente olhar para o rio e olhar para a árvore da vida. Se nossa atenção estiver na árvore estaremos seguros, se estiver no rio afundaremos nas trevas. Alguns querem ser estrábicos – e olhar para a árvore e para o rio ao mesmo tempo. Mas verdadeiramente isso é impossível. Não podemos servir a Deus e a Mamon (Mateus 6:24). Não há como ver pornografia na internet e depois desejarmos o Espírito Santo para ensinar com poder nos púlpitos da Igreja. A sujeira advinda da luxúria do rio visto por Leí espanta para muito longe o suave e doce Espírito de Deus. Mesmo umas gotas do rio sujo – uma olhada pecaminosa, um toque perverso ou um pensamento ocioso, podem nos desqualificar para entrada no Reino de Deus, caso não nos arrependamos. Essas não são palavras duras aos justos (1 Néfi 16:1-3). Que possamos olhar e viver (Alma 33:21-23).

28 de abr. de 2010

Ser um Líder

Aqueles que não forem líderes não entrarão no Reino Celestial de Deus. A exaltação é para os líderes – para os reis e sacerdotes do Deus altíssimo (D&C 76:56-58, ver também D&C 76:50-70). Os outros irão para outros reinos de glória. Explicarei essa declaração e mostrarei a importância de adquirirmos os atributos do Salvador, a fim de sermos líderes capazes para adentramos onde Ele, que é Rei dos Reis e Senhor dos Senhores (I Timóteo 6:15) esta com o Governante Supremo de Todo Universo – nosso bom Pai Celestial.
O Senhor declarou a Adão e Eva ao criá-los e casá-los para toda eternidade: “E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança; e domine sobre os peixes do mar, e sobre as aves dos céus, e sobre o gado, e sobre toda a terra, e sobre todo o réptil que se move sobre a terra. E criou Deus o homem à sua imagem: à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou. E Deus os abençoou, e Deus lhes disse: Frutificai e multiplicai-vos, e enchei a terra, e sujeitai-a; e dominai sobre os peixes do mar e sobre as aves dos céus, e sobre todo o animal que se move sobre a terra.” (Gênesis 1:26-28) Dominar e sujeitar indicam a responsabilidade dada ao homem de presidir e comandar. Este é um mandamento e requisito para ser semelhante a Deus. Fomos criados a semelhança do Filho de Deus – se quisermos ser tão perfeitos quanto nosso Pai que esta nos céus (Mateus 5:48), devemos ser como Ele. Deus é o Supremo líder de toda Criação. Seu desejo é dar-nos tudo que Ele possui – mesmo o maior dom: que é a vida eterna (D&C 45:5, 8).
Nosso Pai Celestial sempre será o Pai de nossos espíritos, e, portanto, nosso líder. Ambicionar seu lugar foi o pecado de Lúcifer, que, embora fosse um dos grandes na vida pré-mortal cobiçou a glória do Pai, e foi expulso por negar o Espírito Santo (D&C 29:36; 76:25-35).
As famílias e o sacerdócio apresentam dois tipos de liderança. Ambos são importantes para o crescimento e progresso de todo filho de Deus.
Na santíssima Trindade temos Nosso Pai Celestial, como líder e governante Todo-Poderoso. Jeová, que é Jesus Cristo, é nosso irmão mais velho, e não apenas por ser o Primogênito, mas por ser o Unigênito do Pai – Escolhido e Ungido como Redentor, ocupa a posição de nosso líder, abaixo apenas de Eloim. O Espírito Santo é um Deus, assim como o Pai e o Filho, e sua posição é abaixo do Filho. Os três Deuses formam a Trindade, que é o quorum do sacerdócio mais elevado – a presidência de toda criação (GEE “Trindade”).
Por nos amar, o Pai estabeleceu um meio de voltarmos à presença Dele, sendo semelhantes a Ele. Ele enviou-nos a Terra, e fez-nos esquecer sua face divinal e todas as experiências pré-mortais com a intenção de, por meio de certas experiências, sermos achados dignos da vida eterna. Em seu Plano de Salvação ordenou que os homens nascessem em famílias, à semelhança da ordem celeste. Adão e Eva foram casados no Éden e receberam como mandamento “crescer e multiplicar e encher a Terra”. Quando os filhos de Adão nasceram isto era a semelhança da família dos céus. Assim como Abel tinha um Pai Celestial, tinha um pai mortal; assim como Adão era um pai terreno, Eloim era um Pai espiritual (Sempre Fiéis, “Plano de Salvação”, pg. 134-137; Moisés 5:1-12 e 6:1-12).


Fomos ensinados por revelação antiga e moderna que a família foi ordenada por Deus (Família: Proclamação ao Mundo; Sempre Fiéis, “Família”, pg. 83-85) . Deus vive em família e deseja que todos o façam. Costuma-se dizer que a salvação é individual, mas élder Nelson, do Doze, nos lembrou que a exaltação, que é a salvação no mais alto grau de glória, é um assunto de família (A Liahona, Maio de 2008, “Salvação e Exaltação”, Élder Russel M. Nelson, pg. 7-10). Não é de se admirar, portanto, que Satanás, que não tem mais família, e não pode formar família, deseje ardentemente destruir toda família de Deus, tanto neste, como do outro lado do véu.
Há, basicamente, três tipos de liderança: a liderança no lar, a liderança no sacerdócio e a liderança em sentido amplo. A liderança no lar é a chefia dentro de uma família. A liderança no sacerdócio é uma responsabilidade sagrada para aqueles que portam o poder de Deus. A liderança em sentido amplo abrange todos os outros tipos de liderança: a liderança secular, a lideranças de Satanás, a liderança em grupos, tribos, partidos, Estados, etc.
Muitas vezes os três tipos de liderança se relacionam. Nosso Pai Celestial lidera todos os seus filhos em todos os sentidos. Mesmo que não reconheçam ou não desejem isso, o Pai controla e sujeita até mesmo o Diabo (D&C 121:4, Jó 1:7-12) – fato demonstrado com clareza – porque o demônio não pode nos tentar além do que Deus julgue prudente suportarmos (I Coríntios 10:13).

O maior chamado de liderança é exercido no lar (Reunião Mundial de Liderança, 11 de Fevereiro de 2006, “Uma Solene Responsabilidade de Amar e Cuidar uns Dos Outros”, Élder L. Tom Perry, pg.9). Ser um pai e uma mãe, avó e avó é uma bênção enorme. Os atributos desenvolvidos nos laços familiares podem guiar a vida eterna.
Da maneira perfeita, todos os pais seriam também portadores do sacerdócio de Melquisedeque. Assim os dois tipos de liderança que capacitam para vida eterna estariam em todas as famílias da Terra.
Todavia, devido à maldade e mal uso de seu arbítrio, o homem, imperfeito e natural causou tristeza, separação e apostasia. Deus sabia que isso se daria, por isso, conhecendo muito bem seus filhos, selecionou, antes de nascermos “nobres e grandes’ para serem governantes nessa esfera mortal (Abraão 3:22-23).
Esses bons espíritos pré-mortais forma escolhidos tanto para chefiar famílias como para atuar como mordomos na Vinha do Senhor. Jesus Cristo é o Deus que apareceu aos profetas e é o Criador desse e de outros mundos (GEE “Jeová”). Ele é o Primeiro. O Pai lhe deu todas as coisas. Ele é o verbo do Pai e realiza tudo de acordo com a vontade do Pai (João 1:1-18).
Adão, que é Miguel, é o príncipe desta Terra, e o Ancião de dias. Depois do Salvador ele é primeiro em autoridade. Ele é o primeiro pai, e o primeiro após Cristo, líder de todas as Inteligências (GEE “Miguel”). Noé vem em seguida – ele é o anjo Gabriel. Como grande patriarca é nosso pai, pois todos vieram de um de seus três filhos. Ele também possui grande proeminência nos céus (GEE “Noé”).
Não se sabe exatamente quem vem depois, mas Joseph Smith, Moisés, Leí, Enoque, Abraão e todos os chefes de dispensações estavam no grande conselho dos céus. Eles lideram de forma exemplar suas famílias na Terra e guiaram muitas outras famílias à exaltação. Por meio deles todos neste mundo, e no vindouro foram ou serão abençoados. Verdadeiramente todas as famílias serão abençoadas no nome e convênio que o Pai fez com eles (“Esta Geração Receberá Minha Palavra por Teu Intermédio”, Élder Bruce R. McConkie, www.rsc.byu.edu/portugues).


Na liderança do sacerdócio existe responsabilidade e prestação de contas, na liderança no lar também. Não há liderança efetiva sem posições, não há posições sem obediência, e não há obediência sem o arbítrio.
Cristo é o cabeça e é o rei (I Coríntios 11:3, Helamã 13:38, Apocalipse 1:5). Seus discípulos são seus servos, membros de seu corpo ou seus filhos. Sem submissão não há obediência, sem obediência à retidão não há arbítrio verdadeiro.
No modelo ideal no reino de Deus o profeta preside e lidera. No lar ideal o pai é patriarca do lar e preside e lidera. No reino de Deus o profeta presidente sempre tem outros profetas como conselheiros ou consultores. No lar, o pai tem como conselheira, companheira e adjutora a esposa e mãe de seus filhos. Há um sistema de liderança no reino de Deus – apóstolos, pastores, mestres, evangelistas, etc. (Regra de Fé nº 6). Nas famílias da antiga Israel, o filho homem mais velho era o primogênito que tinha vantagens em comparação aos demais. Na atualidade, os países cristãos não costumam distinguir os filhos – dando importância maior a um ou a outro. Na família ideal os filhos são iguais, entretanto, na falta do pai ou da mãe, o mais velho assume a responsabilidade do lar. Na Igreja, quando o presidente é desobrigado ou morre, outro é colocado em seu lugar. Na família fiel não há substitutos. Se um pai se ausentar, em viajem, missão, emprego ou morte, a mãe assumira a liderança, mesmo que tenha um filho que possua o sacerdócio maior em sua casa.
Um filho que se casa deve deixar o “pai e a mãe” e se apegar a sua mulher, para serem “ambos uma só carne” (Gênesis 2:23-23). Isso significa que ele deve constituir sua própria família e começar a ser um líder independente do seu pai. Evidentemente isso não significa que não possa pedir conselhos de seu pai, mãe, sogro ou sogra. Moisés, mesmo sendo o líder espiritual de toda a casa de Israel, e sendo um pai e marido honrado, aceitou o conselho de seu sogro (Êxodo 18:13-24).
As mordomias no reino de Deus são passageiras, mas as mordomias no lar não precisam ser. Por meio dos poderes do sacerdócio um pai pode continuar sendo pai eternamente. O mesmo se da com a posição de mãe. Nunca haverá desobrigação desse santo chamado para os que viverem no Reino Celestial. Não obstante, os que não se acharem dignos de viver a lei de um reino celestial tornar-se-ão solteiros e separados, sem vínculo familiar, permanecendo como Filhos de Deus, mas sem o privilegio de serem eles próprios pais e mães, reis e rainhas, sacerdotes e sacerdotisas, deuses e deusas (D&C 132:7, 17).
Nem todos servirão como bispo, e também nem todas as mulheres justas serão mães. Todavia a igreja esta organizada de maneira tal, que todos os seus membros podem ter oportunidades de serviço e liderança. E todas as oportunidades que os justos não têm nesta vida serão dadas a eles com abundancia, se forem sempre fieis, na Exaltação.


Jesus Cristo é o exemplo perfeito de liderança, tanto no lar como no Reino de Deus. Vendo o seu exemplo e seguindo-o, todos podem se tornar melhores líderes.
Por meio do Salvador aprendemos grandes lições de liderança, e uma das maiores é: para ser um líder eficaz deve-se ser um discípulo eficaz. Foi-me revelado, pelo Santo Espírito de Deus, que minha capacidade de liderar depende de minha capacidade de seguir. Deve ser por isso que Cristo ensinou que seguia o Pai, e fazia conforme Ele mandava (João 5:19). Tão fiel era o Salvador em seguir o Pai, que Ele o Pai eram e são um – em todos os sentidos, exceto na forma física, no corpo – ou seja, são seres distintos e separados (João 10:30, D&C 130:22). Aqueles que querem ser melhores líderes na igreja e no lar devem pensar, sentir e agir como Cristo pensaria, sentiria e agiria. Pode parecer difícil ao verificarmos a magnitude do mandamento e nossa pequenez. Todavia somos filhos de Deus e temos, por meio da Expiação de Cristo um poder imenso de fazer tudo o que nos for pedido. Podemos começar com o mandamento principal: amar a Deus sobre todas as coisas (Mateus 22:35-36). Amar é servir. Portanto, se amamos a Deus o servimos obedecendo a seus mandamentos (Mosias 5:13, João 14:15). O segundo mandamento é amar o próximo (Mateus 22:37). Do mesmo modo se amarmos o próximo o serviremos (Mosias 2:17). O amor é coisa principal (I Coríntios 13) e se focarmos nele todo resto se encaixará e receberemos revelação para sermos líderes de sucesso. NÃO HÁ OUTRA MANEIRA DE SERMOS BEM SUCEDIDOS COMO LÍDERES, A NÃO SER ESTA: RECEBER E SEGUIR AS REVELAÇÕES DE DEUS. A oração, o estudo das escrituras, o cumprimento dos chamados na Igreja, a freqüência as reuniões da Igreja, o recebimento de ordenanças para nós e para os falecidos aumenta nossa capacidade de liderar, pois todas essas coisas nos levam para mias próximo da luz. E o corpo que é cheio de luz compreende todas as coisas. E quem compreende todas as coisas se torna como Deus, e Deus é um líder perfeito.
Uma outra lição importante é que não buscamos cargos no reino. No corpo de Cristo todos são membros importantes, e um não pode dizer a um outro que é desnecessário – pois todos são valiosos. Na família cada um tem seu papel e importância. Todos devem desejar ser pais ou mães em Sião, mas não devem desejar ter um cargo especifico na Igreja. Os que ambicionam chamados são orgulhosos e podem cair. Na Igreja não importa onde se serve, mas como se faz. Tanto um apóstolo como um diácono são amados por Deus e terão a mesma recompensa se, e somente se, permanecerem fieis até o fim.
O dever de todo líder é ser uma bênção. Isso acontece mais rápido quando os liderados percebem que o exemplo de seu líder corresponde com seus ensinamentos.
Um bom líder sabe delegar. Ele sabe que seus liderados podem cometer erros, mas confia neles e não teme fazer convites que acabarão fortalecendo a fé que eles têm. Às vezes os seguidores não produzirão os resultados esperados, mas seu sacrifício será mais importante que seu crescimento.
Os bons líderes repreendem. Mas SOMENTE quando movidos pelo Espírito Santo. E LOGO EM SEGUIDA mostram um amor maior. Às vezes será necessário um castigo, por amor. No caso dos pais o castigo pode ser simplesmente uma demonstração de decepção, em vez de flagelos físicos. As palavras e atos de um líder sempre elevam, mesmo na repreensão. Esses líderes não permitem que seus seguidores aprendam por experiência própria que iniqüidade nunca foi felicidade, mas antes advertem do perigo. Respeitam, não obstante, o arbítrio de seus seguidores. Os pais levam em consideração a idade e maturidade de seus filhos. Por isso não permitem que uma criança faça uma escolha errada, só porque quer fazê-la. Eles a impedem, pois ainda não pode escolher por conta própria. O arbítrio vem do conhecimento e os bons pais ensinam, esclarecem e advertem. Eles também entendem que a Justiça não pode ser negada e que a Misericórdia deve estar à disposição dos arrependidos.
Os bons líderes não buscam fama, prestigio e poder. Eles não fazem artimanhas sacerdotais ou combinações secretas. Eles são humildes, respeitosos e os primeiros a servir. Eles são lembrados com honra ou não – mas são sempre aprovados a vista de Deus. Importam-se mais com o que Deus pensa, pois sabem que prestarão contas sobre sua liderança – do que com que o mundo pensa.
Um bom líder gera bons frutos. E esses frutos se tornam líderes.
Há muitas outras qualidades dos líderes que aprendemos das escrituras e dos exemplos vivos, próximos ou distantes. Devemos aprender deles, pois precisamos melhorar como líderes no lar e na Igreja. A vida eterna é para os líderes excelentes, como Cristo.


Sei que essas coisas são verdadeiras. Cristo foi o exemplo perfeito de liderança tanto na família como na Igreja. Sua expiação permite que todos sejam líderes aprovados por Deus.

23 de abr. de 2010

Éter 13:2-13 - A Nova Jerusalém

Há três cidades especiais e sagradas mencionadas nas escrituras: Sião, Jerusalém e a Nova Jerusalém. Outras cidades, como Betel (Gênesis 35:6-7), Abundancia (3 Néfi 11:1), Zaraenla (Ômni 1:12-14), Nauvoo (D&C 124:109) e Salt Lake City (D&C 42:64, 136:1) são histórica e espiritualmente relevantes – mas as principais cidades de Deus, para seu povo santificado são apenas Sião, Jerusalém e a nova Jerusalém. Apenas aqueles que tiverem suas vestes branqueadas pelo sangue do Cordeiro poderão habitar nelas (Éter 13:10, Apocalipse 21:27).

Parte peculiar da crença dos Santos Dos Últimos Dias é que haverá uma Jerusalém no Continente Americano. Será uma Nova Jerusalém, pois a antiga seria reconstruída e santificada (Éter 13:4). Haverá duas capitais no milênio – a antiga (chamada também de Cidade Santa – ver GEE Jerusalém) e a nova Jerusalém (Isaías 2:3). A Nova Jerusalém também é chamada de cidade de Sião (Regra de Fé nº 10). A Nova Jerusalém será a capital política, administrativa e temporal e a antiga Jerusalém será a capital eclesiástica (note: “de Sião sairá à lei, e de Jerusalém a palavra do Senhor”, Miquéias 4:2 e Isaías 2:3). Ambas, entretanto, serão cidades sagradas (D&C 45:66; 63:49, 133:56). Serão as capitais mundiais nos mil anos que o Senhor reinar pessoalmente na Terra. A cidade de Enoque, que foi chamada de cidade de Sião, descerá do céu e se unirá a cidade de Sião na Terra, ou a Nova Jerusalém (D&C 45:11-14, 65-66; 84:99-100). Haverá pelo menos um Templo na Nova e na Antiga Jerusalém (Moisés 7:62, Ezequiel 37:28, D&C 133:12-13, 30-35). Em um desses Templos os filhos de Levi voltarão, por um pouco de tempo, a fazer sacrifícios simbólicos (D&C 13, 128:24).
A Nova Jerusalém será a herança dos descendentes de José, que trabalharam no último dia coligando os gentios. E a antiga Jerusalém será a herança da Tribo de Judá e das outras tribos, inclusive das dez tribos perdidas que voltarão da terra do norte (D&C 133:12-13, regra de Fé Nº 10, Éter 13:11).
A Nova Jerusalém foi descrita por João, o amado. Haverá doze portas com os nomes das Doze tribos de Israel, em um grande muro que circundará a cidade. Os nomes dos Doze apóstolos originais serão destacados. Como a Glória do Senhor estará sobre a cidade, não haverá necessidade da luz do sol ou da luz da lua para que fique iluminada. Também toda cidade será considerada um Templo . Ela será construída com metais e pedras preciosas (Apocalipse 21:9-27). Evidentemente as medidas e valores numéricos em Apocalipse são simbólicos – e não necessariamente a cidade terá as proporções descritas.
A Nova Jerusalém foi mostrada em visão a vários profetas, como Éter, Enoque e João, o amado. O Senhor o fez para confortá-los quanto ao futuro promissor da obra e para incentivá-los. Tal conhecimento deveria nos motivar também a nos arrependermos e nos santificarmos para sermos achados dignos de sermos inscritos no Livro do Cordeiro e poder adentrar essas santas cidades (Apocalipse 21:27) – que terão como habitantes os puros de coração – pois são eles que verão a Deus (Salmos 24:3—6, Mateus 5:8).

13 de abr. de 2010

Éter 8: Combinações secretas


Com astúcia diabólica, a bela filha de Jarede foi o estopim para destruição do maior povo de todos os tempos. Ela lembrou seu pai iníquo, que tinha o coração nas coisas do mundo, que os antigos haviam feito um pacto com Satanás e por meio dele obtido poder. Jarede devia estar consciente de Caim e Lameque e outros que foram grandes por causa do pecado. Assim, com um plano calculista, Jarede e sua filha fizeram com que Aquis instituísse entre os Jareditas as combinações secretas. Moroni lamenta isso – por que foram elas que causaram a destruição de seu próprio povo, como seu pai observara anteriormente (Helamã 2:4,13-14). A advertência dele para nós é a seguinte:
“Portanto, ó gentios, é sabedoria de Deus que estas coisas vos sejam mostradas, a fim de que, por meio delas, vos arrependais de vossos pecados e não permitais que vos dominem essas combinações assassinas, instituídas para a obtenção de poder e lucro—e a obra, sim, a obra de destruição vos sobrevenha; sim, a espada da justiça do Deus Eterno cairá sobre vós para vossa ruína e destruição, se permitirdes que estas coisas aconteçam.
Portanto o Senhor vos ordena que quando virdes essas coisas surgirem entre vós, estejais conscientes de vossa terrível situação por causa desta combinação secreta que existirá entre vós; ou ai dela, em virtude do sangue daqueles que foram mortos; porque eles clamam desde o pó por vingança contra ela e contra os que a instituíram.
Pois acontece que quem a institui visa destruir a liberdade de todas as terras, nações e países; e causa a destruição de todos os povos, pois é instituída pelo diabo, que é o pai de todas as mentiras; o mesmo mentiroso que enganou nossos primeiros pais, sim, o mesmo mentiroso que fez com que o homem cometesse assassinatos desde o princípio; que endureceu o coração dos homens a tal ponto que mataram os profetas e apedrejaram-nos e expulsaram-nos desde o princípio.
Portanto eu, Morôni, tenho ordem de escrever estas coisas para que o mal seja reprimido e para que chegue o tempo em que Satanás já anão tenha poder sobre o coração dos filhos dos homens, mas que eles sejam persuadidos a fazer o bem continuamente, para que cheguem à fonte de toda retidão e sejam salvos.” (Éter 8:23-26).
As combinações secretas tem as seguintes características:
Propósito:
- obter poder e lucro (Éter 8:23)
- visa destruir a liberdade de todas as terras, nações e países – desejam a monarquia (3 Néfi 7:6, 9; Éter 8:25)
- Matar os profetas e homens justos (3 Néfi 6:20-30)
O que conseguiram
- Destruir milhares de vidas (Helamã 2:13-14)
- Matar os profetas (3 Néfi 3:23, 28-30)
- Matar o Salvador (2 Néfi 20:3-5)
Para Deus:
- é mais abominável e iníqua que tudo (Éter 8:18)
Para o diabo:
- é a maneira de destruir todos os povos (Éter 8:25)
- é a tentativa mais eficaz para impedir a obra de Deus (Éter 8:25-26, 2 Néfi 9:9)
Quem faz parte e apóia essas combinações:
- receberão maldição e destruição (Éter 8:22, Alma 37:30-31; 3 Néfi 9:9)
Como agem os da combinação secreta:
- tem sinais com as mãos e palavras secretas (Helamã 6:22)
- tem lugares secretos (Helamã 2:11, 11:25)
- tem reuniões secretas (Helamã 2:6)
- fazem juramentos de segredo (Helamã 1:11, Éter 8:12-15)
- se disfarçam (Helamã 1:12)
- cometem crimes de todo tipo (2 Néfi 26:22; Helamã 2:8; 6:21-23)
- quem pertencesse ao bando e revelasse seus segredos eram julgados (Helamã 6:24)
Surgiram
- dês de Caim (Moisés 5:51)
- inspirados pelo demônio (Helamã 6:26-30)
Onde estão
- Em toda parte, principalmente nos lugares mais povoados (Helamã 3:23, Éter 8:20)
Os profetas
- sabem sobre essas combinações (Éter 8:20; Helamã 8:7-9)
- os profetas não revelam tais maldades aos justos (Alma 37:32, Éter 8:20)
Como se defender dessas combinações
- estudar o Livro de Mórmon (Éter 8:23-24)
- Ouvir e seguir os profetas (Helamã 8:8-9; II Crônicas 20:20)
- Confiar em Deus (Provérbios 3:5-6; Salmos 37:3; Jeremias 17:7)
- Guardar os Mandamentos (Mosias 2:22)
- Lutar contra essas abominações (Helamã 6:20, 15:4-9)

12 de abr. de 2010

Jesus Cristo pregou a repulsão ao progresso financeiro? Ele desprezava os ricos e incentivava seus seguidores a manterem-se pobres?



NÃO. O Salvador nunca ensinou o que alguns historiadores e teólogos dizem: o repudio ao homem justo que é rico. Um estudo mais atento as escrituras revela que o Senhor deseja que prosperemos, inclusive financeiramente. É verdade que o Velho e o Novo Testamento não são tão claros neste ponto como o Livro de Mórmon que ensina repetidamente que Deus faz os justos “prosperarem na Terra” (1 Néfi 2:20, 4:14; 2 Néfi 1:9, 20; Mosias 2:22, 12:15; Alma 45:8, 48:15; 3 Néfi 1:7, 6:4-5), e Doutrina e Convênios que explica que é da vontade do Pai dar riquezas a seus filhos enquanto na mortalidade (D&C 38:39). Entretendo, creio ser possível provar que o Salvador não era um líder carismático que pregava o total desprezo as boas coisas do mundo, nem um filosofo que se irritava com os ricos e a prosperidade. Cristo pregava que o Espiritual era superior ao material, mas que devíamos buscar o bem-estar material, tanto quanto o espiritual (Mosias 4:26, 18:29; D&C 14:11, 24:3, 77:2)
Primeiro: O Velho Testamento. devemos compreender que Jesus Cristo seguia os ensinamentos e preceitos do Velho Testamento. Na cultura hebraica ficar rico não era um pecado. Esse pensamento surgiu na Idade Média, com a tirania dos nobres e da igreja católica. Abraão era muitíssimo rico. Jacó ficou muito rico em vida. José não só prosperou mais fez o mundo em seu tempo prosperar. E Jó era um homem sumamente rico, mas perdeu tudo ao ser provado. Todavia, após passar nos testes recebeu toda sua fortuna em dobro enquanto na mortalidade. Deus lhe abençoou materialmente. Vemos que foi importante para Salomão construir o Templo de Deus da melhor maneira possível – adornando-o com materiais caros e belos. O Deus do Velho Testamento desejava que seu povo prosperasse materialmente e se tornassem poderosos na Terra. Cristo era esse Deus, e por isso acreditava no bem-estar mortal e na auto-suficiência material. Entre os dez mandamentos encontramos o de trabalhar seis dias e descansar no sétimo. Trabalhar seis dias! É importante trabalhar e prosperar!
Segundo: O nascimento na manjedoura. Embora José e Maria estavam num estábulo na noite da natividade, onde Cristo nasceu – estavam numa casa quando os magos os visitaram. O que significa que prosperaram. José trabalhava para se manter. Cristo também trabalhava com José. Havia um simbolismo por trás do lugar pobre em que Cristo nasceu. O Filho do Homem veio à mortalidade nas circunstâncias mais humildes. Ele não tinha onde reclinar a cabeça. Ele era o unigênito do Pai. Nós não o somos. E não precisamos ter filhos numa situação miserável. Mas simbolicamente nascemos nus e sem nada e quando voltarmos a presença de Deus, tendo vencido o mundo – teremos tudo, como Cristo obteve após vencer todas as coisas.
Terceiro: O Sermão da Montanha. É importante salientar que Cristo fez parte de seu discurso a um grupo específico. Esse grupo seriam os apóstolos. Foi a eles que Cristo ensinou os princípios da lei da consagração e o repúdio ao mundo. A multidão ele não deu esses mandamentos. Entretanto ele falou a todos a maneira de orar: agradecemos pelo pão de cada dia. Ora! O pão que Deus nos dá não cai do céu – como o maná – vem pelo suor de nosso rosto. Por isso esta implícita a noção de trabalho – para nos sustermos. É verdade que o Senhor ensina neste mesmo sermão a não acumular tesouros na Terra, onde a traça e ferrugem os consomem e os ladrões minam e roubam. E que é bem-aventurado o que é pobre. Mas ele esta dizendo que se tivermos o coração nas riquezas morreremos e esta dizendo que o pobre é o pobre em espírito, não necessariamente pobre material. É muito claro seu ensinamento: Buscai primeiro, o reino de Deus e sua justiça e todas as coisas – inclusive as materiais – lhe serão acrescentadas. A prioridade deve sempre ser Deus. Temos o mandamento de sermos o sal da Terra e sabor dos homens. Olhe um dos mais relevantes ensinamentos do Senhor: o sal era algo caro em sua época. Deviam seus seguidores ter um valor tal como sal. Deviam também ser a luz do mundo. Uma das formas de brilharem perante os homens certamente incluía a prosperidade e serviço o próximo com os bens que Deus lhe abençoara ou abençoaria. Quão difícil seria dar esmolas aos pobres, sendo um pobre que necessita de esmola!

Ninguém pode servir a Deus e a Mamon. Mamon significa riquezas da Terra. A raiz do mal é o orgulho. Por causa do orgulho civilizações inteiras foram destruídas. Entretanto, se tivermos Deus em nosso coração, se nossos olhos estiverem fitos Nele, e nosso corpo estiver cheio de luz, as riquezas dessa Terra – que nos serão acrescentadas naturalmente – produziremos bons frutos. De fato teremos como edificar uma casa sobre a Rocha e ajudaremos outros a fazerem o mesmo. Teremos condição de dar boas coisas a nossos filhos e compreenderemos a promessa de pedir e receber – pois ela será uma verdade para nós, e por intermédio de nós, será uma realidade para outros. O Sermão da Montanha expressa a grandiosidade de Deus - ele é Todo-Poderoso, sendo que veste a erva do campo com glória maior do que se vestiu Salomão, mostra que ele deseja nos suster, vestir e cuidar. Mas mais importante dá o divino mandamento de sermos tão perfeitos como Nosso Pai que esta nos céus. Se cremos que Deus tem tudo, porque não deveríamos procurar ter também?
Quarto: a alegação que é muito difícil um rico entrar no céu. Poderia ser interpretada da seguinte maneira: é muito difícil alguém que tem o coração nas riquezas, na idolatria, no mundo, entrar no reino dos céus – porque este é orgulhoso. Jó disse: “Eu sei que meu Redentor vive e que por fim se levantará sobre a Terra” A fé desse homem o fazia crer que ele veria Deus, viveria com Ele. Suas grandes fortunas não o impediam de progredir. O Jovem Rico, ao contrario, colocou a riqueza acima de Deus, pois não desejava consagrar tudo que possuía. O pecado não é ser rico, o pecado é ser egoísta e cobiçoso.
Quinto: daí a Cezar o que é de Cezar. Devemos cuidar dos assuntos materiais. Não devemos ser do mundo, nem ter o coração em Mamon. Entretanto devemos estar no mundo – o que significa se envolver, participar e prosperar com as coisas boas que o mundo oferece. Devemos ter como cumprir nossas responsabilidades civis e sociais.
Sexto: os seguidores de Cristo eram pobres e recusados. Nem todos. A maior parte dos seguidores de Cristo durante seu ministério mortal devem ter sido pobres. Todavia, os três reis magos eram homens de posses quando visitaram Cristo. Mateus era um publicano (o que significava ter um status bem diferente de pobre), Paulo era um membro do sinédrio. Nicodemos era um fariseu de alta reputação. Lucas era um médico bem conceituado que escreveu seus livros a Teófilo, um homem de proeminência social. José de Arimatéia era um homem rico que solicitou o corpo de Cristo. Embora Pedro seja um pescador, deve-se levar em consideração que a pesca era uma atividade lucrativa naquela época. Parece que ele tinha homens que trabalhavam para ele, além de seu irmão. O Centurião e Jairo parecem ser homens de grande posse. Todos os que seguiram Cristo foram perseguidos, fossem ricos ou pobres. Mas o preço do discipulado não significava e nunca significaria miséria, embora a pobreza pudesse vir como prova de fé.
Sétimo: A riqueza pode contribuir para o reino de Deus. Por isso o mandamento:
“Granjeai amigos com as riquezas da injustiça; para que, quando estas vos faltarem, vos recebam eles nos tabernáculos eternos” (Lucas 16:9). Sem dúvida é importante haver um local para adorar a Deus, é importante ter uma capa para doar, e uma quantia para dizimar. A Bíblia ensina que o homem deve prosperar em todos os aspectos para contribuir com a obra e glória de Deus.
As escrituras modernas ampliam todos os conceitos discutidos acima. Elas dizem que Deus deseja nosso bem-estar material, e que devemos pregar “primeiro ao rico e instruído” (D&C 58:10).

8 de abr. de 2010

Éter 10:28 - A Grandeza da Nação Jaredita



O Senhor disse ao irmão de Jarede que não haveria maior nação do que os jareditas (Éter 1:43). Sabemos muito pouco sobre essa grande civilização. Eles falavam o idioma de Adão, pois não foram confundidos na época da Torre de Babel (Éter 1:33-37). Sua escrita tinha grande poder, de modo a dominar o leitor (Éter 12:24). Eram homens grandes e fortes (Éter 15:26, Mosias 8:8-11, Éter 1:34).
Pelo breve relato que dispomos observa-se que tinham grande conhecimento secular. Eram exploradores e colonizadores (Éter 2:13, 6), guerreiros e construtores (Éter 10:20), ferreiros, artesãos, agricultores, caçadores, políticos entre outros (Éter 10:19, 22-27). Um povo tão desenvolvido e abençoado – nas palavras do Senhor: “uma grande nação” – a qual nunca depois dela houve paralelo: “E nunca houve um povo mais abençoado do que eles nem mais favorecido pela mão do Senhor. E estavam numa terra que fora escolhida entre todas as outras, por que o Senhor o dissera” (Éter 10:28). Um povo iluminado por Deus, com profetas e o sacerdócio, e porque não abençoado com Templos, ordenanças e uma Igreja bem organizada?
Entretanto, apesar de serem tão gloriosos e numerosos (Éter 10:28-29, Mosias 8:8) mergulharam no orgulho e pecado (Éter 11, 15:19) – eram como os homens da Torre de Babel – pensavam ser mais sábios do que Deus, querendo felicidade onde não havia. Acabaram sendo todos mortos, exceto dois homens (Éter 15:30-34). Todos pereceram: milhões foram mortos por causa do pecado. A maior nação de todas, destruída por completo – eles foram retirados para dar lugar a um outro povo (Jacó 5:44) e ninguém no mundo inteiro hoje, saberia sobre sua existência se não fosse pelo Livro de Mórmon. Mas mesmo esse precioso registro é sintetizado demais no que se relaciona a eles, pois (1) não havia espaço suficiente nas placas (Mórmon 8:5), (2) Morôni estava escrevendo segundo sua memória (Éter 5:1) – e que memória impressionante! – e (3) Deus decidiu não nos mostrar tudo sobre o assunto (2 Néfi 27:7-8, 10-11, 21, Éter 4). Dia virá em que conheceremos a magnitude desse povo e lamentaremos sua queda mais profundamente – pois a quem muito é dado, muito é exigido – e o que pecar contra uma luz maior – como este povo – receberá uma condenação maior (D&C 82:3).

Éter 10:28 - A Grandeza da Nação Jaredita


O Senhor disse ao irmão de Jarede que não haveria maior nação do que os jareditas (Éter 1:43). Sabemos muito pouco sobre essa grande civilização. Eles falavam o idioma de Adão, pois não foram confundidos na época da Torre de Babel (Éter 1:33-37). Sua escrita tinha grande poder, de modo a dominar o leitor (Éter 12:24). Eram homens grandes e fortes (Éter 15:26, Mosias 8:8-11, Éter 1:34).
Pelo breve relato que dispomos observa-se que tinham grande conhecimento secular. Eram exploradores e colonizadores (Éter 2:13, 6), guerreiros e construtores (Éter 10:20), ferreiros, artesãos, agricultores, caçadores, políticos entre outros (Éter 10:19, 22-27). Um povo tão desenvolvido e abençoado – nas palavras do Senhor: “uma grande nação” – a qual nunca depois dela houve paralelo: “E nunca houve um povo mais abençoado do que eles nem mais favorecido pela mão do Senhor. E estavam numa terra que fora escolhida entre todas as outras, por que o Senhor o dissera” (Éter 10:28). Um povo iluminado por Deus, com profetas e o sacerdócio, e porque não abençoado com Templos, ordenanças e uma Igreja bem organizada?
Entretanto, apesar de serem tão gloriosos e numerosos (Éter 10:28-29, Mosias 8:8) mergulharam no orgulho e pecado (Éter 11, 15:19) – eram como os homens da Torre de Babel – pensavam ser mais sábios do que Deus, querendo felicidade onde não havia. Acabaram sendo todos mortos, exceto dois homens (Éter 15:30-34). Todos pereceram: milhões foram mortos por causa do pecado. A maior nação de todas, destruída por completo – eles foram retirados para dar lugar a um outro povo (Jacó 5:44) e ninguém no mundo inteiro hoje, saberia sobre sua existência se não fosse pelo Livro de Mórmon. Mas mesmo esse precioso registro é sintetizado demais no que se relaciona a eles, pois (1) não havia espaço suficiente nas placas (Mórmon 8:5), (2) Morôni estava escrevendo segundo sua memória (Éter 5:1) – e que memória impressionante! – e (3) Deus decidiu não nos mostrar tudo sobre o assunto (2 Néfi 27:7-8, 10-11, 21, Éter 4). Dia virá em que conheceremos a magnitude desse povo e lamentaremos sua queda mais profundamente – pois a quem muito é dado, muito é exigido – e o que pecar contra uma luz maior – como este povo – receberá uma condenação maior (D&C 82:3).

Como as guerras mencionadas no Livro de Mórmon nos aproximam de Deus?



O Livro de Mórmon foi escrito para persuadir os homens a achegarem-se a Cristo. (Página Rosto, Introdução; 1 Néfi 13:35-36; 2 Néfi 25:18; 2 Néfi 33:10). É o Livro que mais aproxima as pessoas de Deus. Contudo alguém pode duvidar disso, ao considerar as muitas páginas que o Livro trata de guerras. Um terço do Livro de Mórmon fala de guerras – esse número é relevante ao percebermos que os escritores do Livro de Mórmon tinham pouco espaço nas placas e escreviam somente as coisas que consideravam de grande valor para nós (1 Néfi 6:3-6; Jacó 4:1-2; Palavras de Mórmon 1:4;)
Antes de responder essa questão devemos saber por que o livro contém relatos de batalhas e guerras. Primeiro: Néfi, Mórmon e Morôni lutaram em várias guerras defendendo seu povo. A guerra era uma realidade presente na vida deles. Segundo: eles viram nossos dias e sabiam que haveria “guerras e rumores de guerras” (1 Néfi 13:17-19; Mórmon 7:4; Mórmon 8:29-30, Mórmon 5). Terceiro: estamos em guerra contra Satanás, e embora seja uma guerra invisível (pois não o vemos) é muito real e perigosa (1 Néfi 14:13) – as lições dos capítulos que tratam sobre guerra nos dão visão, coragem, sabedoria e fé para enfrentar o inimigo da retidão.
Também o povo de Deus via-se obrigado a guerrear seus inimigos para preservarem suas vidas, sua liberdade e sua religião (Alam 48:24). O Élder Bruce R. McConkie disse: “A auto defesa é justificável quando se trata de guerra (...) Espera-se dos homens justos que defendam a si próprios , pois tem o direito e a obrigação de assim proceder; eles devem optar pelo combate quando não houver outro meio de preservar seus direitos e prerrogativas, e para proteger suas famílias, lares, nações e as verdades de salvação que abraçam” (Mormon Doctrine, p.826.)

Lição 1: Guerra e desigualdade existem por causa da iniqüidade.
A primeira guerra mencionada no Livro de Mórmon é a causada pelo conflito familiar entre o povo de Néfi (nefitas) e o povo de Lamã e Lemuel (lamanitas): “E Eu, Néfi, tomei a espada de Labão; e com este modelo fiz muitas espadas, afim de que o povo que agora se denominava lamanita não caísse sobre nós para nos destruir; porque eu conhecia seu ódio para comigo e meus filhos e os que eram chamados meu povo” (2 Néfi 5:14). Esse ódio surgiu porque Lamã e Lemuel e todos os que permaneceram com eles foram afastados da presença do Senhor e tornaram-se insensíveis “como uma pedra” (2 Néfi 5:20-21). Essa divisão já havia sido prevista por Zenos, um profeta da antiguidade (Jacó 5:25).
Essa primeira guerra nos ensina que se nos afastarmos dos profetas seremos amaldiçoados, tal como os lamanitas (2 Néfi 5:2). Essa maldição faz com que haja preguiça, muita maldade, astúcia, incivilidade e um castigo para a humanidade (2 Néfi 5:24-25). Já os que ficam do lado do profeta, ou do lado do Senhor, aprendem a trabalhar duro, constroem templos, multiplicam-se e prosperam muito (2 Néfi 5:13, 15-17).
Satanás é o pai da discórdia e “leva cólera ao coração dos homens para contenderem uns com os outros” (3 Néfi 11:29). Na Terra, o diabo usa seus servos iníquos para incitarem os homens a ira, como fez com Amaliquias (Alma 48:1), que foi a causa de uma duradoura guerra entre os nefitas e lamanitas (Alma 62:35). “Foram suas desavenças e suas contendas, sim, seus homicídios e suas pilhagens, sua idolatria, sua libertinagem e suas abominações que lhes trouxeram guerras e destruição” (Alma 50:21).
Os nefitas consideravam ser seu dever para com Deus defenderem “suas terras e suas casas e suas esposas e seus filhos” e também “conservar seus direitos e seus privilégios, sim, e também sua liberdade, para poderem adorar a Deus segundo seus desejos” (Alma 43:9). Eles haviam recebido uma lei do Senhor de que se não fossem culpados da primeira ou segunda ofensa, não se deixariam matar (Alma 43:46, 48:24).
Um dos grandes governantes do povo nefita disse certa vez:
“E agora, eis que resistiremos à iniqüidade, mesmo com derramamento de sangue. E não derramaríamos o sangue dos lamanitas se eles permanecessem em sua própria terra. Não derramaríamos o sangue de nossos irmãos se eles não se rebelassem e levantassem a espada contra nós. Submeter-nos-íamos ao jugo da servidão, se isso fosse requisito da justiça de Deus ou se ele nos ordenasse que o fizéssemos. Mas eis que ele não manda que nos submetamos aos nossos inimigos, mas que tenhamos confiança nele e ele nos livrará. Portanto, meu amado irmão Morôni, resistamos ao mal; e ao mal que não pudermos resistir com nossas palavras, sim, como revoltas e dissensões, resistamos com nossas espadas, a fim de conservarmos nossa liberdade, a fim de regozijarmo-nos no grande privilégio de nossa igreja e na causa de nosso Redentor e nosso Deus” (Alma 61:10-14).
Quando acaba a iniqüidade acabam-se as guerras. Logo após a aparição de Cristo o povo viveu em paz – sem guerras ou contendas “em virtude do amor a Deus que existia no coração do povo” tornando-os Sião, o povo mais feliz (4 Néfi 1:13, 15-16).
Se persistimos no pecado seremos destruídos como a nação jaredita e nefita foram (Mórmon 5-6 e Éter 15).

Lição 2: As guerras podem nos aproximar de Deus.
Enos nos diz que presenciou “guerras entre os nefitas e lamanitas”. Ele também disse que “nada havia, exceto muitos dissabores, pregações e profecias de guerras; e contendas e destruições que continuamente os faziam lembrar da morte e da duração da eternidade e dos julgamentos e poder de Deus e todas essas coisas – levando-os a manterem-se continuamente no temor do Senhor. E digo que nada, salvo essas coisas e grande franqueza no falar, evitaria que precipitassem rapidamente na destruição” (Enos 1:23-24).
Assim, as guerras ajudam os filhos de Deus a lembrarem-se Dele. De fato, quanto “tudo vai bem em Sião; sim Sião prospera” então é quando o “diabo engana” as almas e as “conduz cuidadosamente ao inferno” (2 Néfi 28:21). A paz é perigosa à Igreja, pois, tal como fizeram os jareditas que “armaram suas tendas (...) à beira-mar, pelo espaço de quatro anos” e não se lembraram “de invocar o nome do Senhor” (Éter 2:13-14), assim também podemos nós nos tempos de tranqüilidade e quietude seremos acalentado com “segurança carnal”. Por isso o profeta escreveu; “ai do que repousa em Sião! Ai do que clama: tudo vai bem!” (2 Néfi 28:24-25):
“Sim, e vemos que é justamente quando ele faz prosperar seu povo, sim, aumentando seus campos, seu gado e seus rebanhos e ouro e prata e toda sorte de coisas preciosas de todo tipo e de todo estilo, preservando-lhes a vida e livrando-os das mãos de seus inimigos, abrandando o coração dos inimigos para que não lhes façam guerra; sim, e, em resumo, fazendo tudo para o bem e a felicidade de seu povo; sim, então é quando endurecem o coração, esquecendo-se do Senhor seu Deus e pisando o Santíssimo—sim, e isto em virtude de seu conforto e de sua enorme prosperidade.”
“E assim vemos que se o Senhor não castiga seu povo com numerosas aflições, sim, se não o fere com morte e com terror e com fome e com toda sorte de pestilências, dele não se lembram” (Helamã 12:2-3).
Lição 3: Essa vida é inconstante.
No livro de Ômni é mencionado que os nefitas tiveram “muitas épocas de paz; e tivemos muitas épocas de guerras sérias e derramamento de sangue” (Ômni 1:3). Esse pequeno trecho exemplifica quão inconstante é essa vida mortal. “Tudo tem o seu tempo determinado, e há tempo para todo o propósito debaixo do céu (...) Tempo de amar, e tempo de odiar; tempo de guerra, e tempo de paz” (Eclesiastes 3:1, 8). Todos os mortais enfrentam ou enfrentarão períodos de bonança e épocas de guerras visíveis ou invisíveis, próximas ou distantes.

Lição 4: Podemos ter paz e felicidade nos tempos de guerra e perigo.
Lemos em Alma várias lições importantes a respeito de como, em tempos de guerra, se podem encarar as ondulações da vida:
“E este é o relato das guerras e contendas entre os nefitas e também das guerras entre nefitas e lamanitas. E do primeiro ao décimo quinto ano houve a destruição de muitos milhares de vidas; sim, houve um terrível derramamento de sangue. E os corpos de muitos milhares jazem debaixo da terra, enquanto outros milhares se estão putrefazendo, amontoados sobre a face da Terra; sim, e muitos milhares choram a perda de seus parentes, porque têm motivos para temer que estejam condenados a um estado de miséria sem fim, segundo as promessas do Senhor. Enquanto muitos milhares de outros, ainda que chorem sinceramente a perda de seus parentes, alegram-se e exultam na esperança e até sabem, segundo as promessas do Senhor, que eles serão elevados para habitar à mão direita de Deus, num estado de felicidade sem fim.”
“Vemos, assim, quão grande é a desigualdade entre os homens por causa do pecado e da transgressão e do poder do diabo, que provém dos astutos planos por ele engendrados para enredar o coração dos homens. E assim vemos a grande necessidade que o homem tem de trabalhar com diligência nas vinhas do Senhor; e assim vemos a grande causa da tristeza, como também da alegria—tristeza devido à morte e destruição dos homens; e alegria por causa da luz vivificante de Cristo” (Alma 28:9-14).
Como podemos em tempos de guerra alegrar-nos e exultar na esperança e até saber que a guerra e a morte não podem roubar a felicidade sem fim? Através da luz vivificante de Cristo: do seu Santo Evangelho que concede esperança:
“Portanto todos os que crêem em Deus podem, com segurança, esperar por um mundo melhor, sim, até mesmo um lugar à mão direita de Deus, esperança essa que vem pela fé e é uma âncora para a alma dos homens, tornando-os seguros e constantes, sempre abundantes em boas obras, sendo levados a glorificar a Deus” (Éter 12:4).
Com essa esperança tornamo-nos constantes, independente da inconstância do mundo.
É interessante notar que “nunca houve época mais feliz para o povo de Néfi, desde os tempos de Néfi, do que os dias de Morôni, sim, mesmo agora, no vigésimo primeiro ano do governo dos juízes” (Alma 50:23). Essa época é, no Livro de Mórmon, onde se mencionam mais guerras. Interessante: normalmente as grandes desigualdades, inconstâncias e terror causados pela guerra fazem do período uma ocasião sombria – mas para os nefitas havia luz: se viam livres do desanimo, desesperança ou medo – eram muito felizes, mais do que nas épocas de paz!

Lição 5: Como se preparar para os tempos de guerra e como proceder em tempos de guerra.
O Livro de Mórmon mostra que devemos nos preparar fisicamente para as guerras. Os homens de Morôni estavam “com couraças e com escudos nos braços, sim, e também com escudos para proteger-lhes a cabeça e também estavam vestidos com roupas grossas”, já os lamanitas estavam apenas com uma faixa de pele que lhes cobria os lombos (Alma 43:19-20). Mais adiante os lamanitas copiam a tática nefita e vestem armaduras (D&C 49:6) – mas Morôni e os nefitas estavam preparados de uma forma nunca antes vista entre os filhos de Leí (Alma 49:8) – pois ele preparara fortes, parapeitos e muralhas (Alma 48:8).
Em certa ocasião os nefitas armazenaram “seus cavalos, seus carros e seu gado e todos os seus rebanhos e suas manadas e seus grãos e todos os seus bens, e dirigiram-se aos milhares e dezenas de milhares ao lugar determinado, a fim de reunirem-se para defenderem-se de seus inimigos” (3 Néfi 3:22) Porque os nefitas se reuniram em um só grupo, seus inimigos (os ladrões) não subsistiram e perderam a guerra (3 Néfi 4:1-3, 18-20, 24-28). O armazenamento de mantimentos e a união foram determinantes nessa época.
A preparação intelectual também é essencial. Mesmo com apenas 25 anos, Morôni era capaz de comandar todos os exércitos nefitas (Alma 43;16-17). Laconeu, um grande juiz, usou “maravilhosas” palavras, as quais fizeram o povo segui-lo (3 Néfi 3:16). Estes homens e outros haviam estudado muito para que Deus usasse sua inteligência. Morôni, por exemplo, venceu muitas batalhas usando estratagemas, em vez de força física (Alma 55).
Mas a preparação mais importante e a que foi determinante para os nefitas foi à preparação espiritual. Zênife diz que embora seu povo fosse muito pequeno em relação aos lamanitas – com a “força do Senhor” venceram todas as batalhas (Mosias 9:17-18). Ouvir os profetas e lideres é um fator determinante – Zorã e seus filhos, grandes guerreiros, buscaram os conselhos de Alma, o profeta durante uma guerra (Alma 15:5-6).

As características de Morôni expõem o ideal de preparação física, mental e espiritual:
“E Morôni era um homem forte e poderoso; ele era um homem de perfeita compreensão; sim, um homem que não tinha prazer no derramamento de sangue; um homem cuja alma se regozijava com a liberdade e independência de seu país e com a libertação de seus irmãos da servidão e do cativeiro.
Sim, um homem cujo coração transbordava de gratidão a seu Deus pelos muitos privilégios e bênçãos que concedia a seu povo; um homem que trabalhava infatigavelmente pelo bem-estar e segurança do povo.
Sim, e ele era um homem firme na fé em Cristo; e havia prestado juramento de defender seu povo, seus direitos e seu país e sua religião, mesmo com a própria vida.
Ora, os nefitas foram ensinados a defenderem-se dos inimigos, ainda que fosse necessário derramar sangue; sim, e foram também ensinados a nunca ofenderem, sim, a nunca levantarem a espada, a não ser contra um inimigo, e apenas para preservarem a própria vida. E tinham fé que Deus lhes permitiria prosperar na terra ou, em outras palavras, que, se fossem fiéis na observância dos mandamentos de Deus, ele lhes permitiria prosperar na terra; sim, ele avisaria quando precisassem fugir ou preparar-se para a guerra, de acordo com o perigo; E também que Deus lhes revelaria para onde deveriam ir a fim de se defenderem de seus inimigos; e se assim fizessem, o Senhor os salvaria; e esta era a fé que tinha Morôni e seu coração gloriava-se nela; não no derramamento de sangue, mas em fazer o bem, em preservar seu povo, sim, em guardar os mandamentos de Deus, sim, e em resistir à iniqüidade.
Sim, em verdade, em verdade vos digo que se todos os homens tivessem sido e fossem e pudessem sempre ser como Morôni, eis que os próprios poderes do inferno teriam sido abalados para sempre; sim, o diabo nunca teria poder sobre o coração dos filhos dos homens. Eis que ele era um homem como Amon, o filho de Mosias, sim, e também como os outros filhos de Mosias; sim, e também como Alma e seus filhos, porque eram todos homens de Deus” (Alma 48:11-18).
Os ânti-néfi-leítas fizeram um juramento de que não mais lutariam (Alma 23). Eles venceram a guerra dando suas vidas:
“Quando o povo viu que os lamanitas vinham atacá-los, saíram-lhes ao encontro e prostraram-se por terra diante deles e começaram a invocar o nome do Senhor; e estavam nessa atitude quando os lamanitas começaram a atacá-los e a matá-los com a espada. E assim, sem encontrarem resistência alguma, mataram mil e cinco deles; e sabemos que eles são abençoados, porque foram morar com seu Deus.
Ora, quando os lamanitas viram que seus irmãos não fugiam da espada nem se voltavam para a direita nem para a esquerda, mas que se deitavam e morriam e louvavam a Deus até mesmo no momento de serem abatidos pela espada— Ora, quando os lamanitas viram isso, abstiveram-se de matá-los; e muitos houve que se sentiram condoídos pelos seus irmãos que haviam caído pela espada, porque se arrependeram do que haviam feito.
E aconteceu que arremessaram ao chão suas armas de guerra e não as quiseram mais pegar, porque estavam compungidos pelos assassinatos que haviam cometido; e ajoelharam-se, assim como seus irmãos, confiando na clemência dos que tinham os braços levantados para matá-los.
E aconteceu que, naquele dia, ao povo de Deus juntaram-se mais do que os que haviam sido mortos; e os que foram mortos eram justos; não temos, portanto, razão para duvidar de que foram salvos” (Alma 24:21-26).
Mais adiante vemos que os filhos desse nobres conversos desejaram unir-se aos nefitas para defenderem seus pais – são conhecidos como os jovens de Helamã. Eles também havia se preparado – não tanto militarmente, mas muito espiritualmente. Nos seguintes trechos de uma carta de Helamã à Morôni, podemos ver a grandeza desses jovens:
“Portanto, que dizeis, meus filhos? Quereis ir combatê-los?
E agora eu te digo, meu amado irmão Morôni, que eu nunca presenciara tão grande coragem, não, nem entre todos os nefitas!
Pois como eu sempre os chamara meus filhos (visto que eram todos muito jovens), responderam-me: Pai, eis que nosso Deus está conosco e não permitirá que sejamos vencidos; então avancemos. Não mataríamos nossos irmãos se eles nos deixassem em paz; portanto vamos, para que eles não derrotem o exército de Antipus.
Ora, eles nunca haviam lutado. Não obstante, não temiam a morte; e pensavam mais na liberdade de seus pais do que em sua própria vida; sim, eles tinham sido ensinados por suas mães que, se não duvidassem, Deus os livraria.
E repetiram-me as palavras de suas mães, dizendo: Não duvidamos de que nossas mães o soubessem.
E então aconteceu que nós, o povo de Néfi, o povo de Antipus e eu com meus dois mil, cercamos os lamanitas e matamo-los. Sim, a ponto de verem-se obrigados a depor suas armas de guerra e também a se entregarem como prisioneiros de guerra.
E então aconteceu que quando eles se renderam a nós, eis que contei o número dos jovens que haviam lutado comigo, temendo que muitos deles tivessem sido mortos.
Mas eis que, para minha grande alegria, nenhum deles havia caído por terra; sim, e haviam lutado como que com a força de Deus; sim, nunca se soube de homens que tivessem lutado com força tão miraculosa; e com tal vigor caíram sobre os lamanitas, que os aterrorizaram; e por esta razão os lamanitas entregaram-se como prisioneiros de guerra (...).
Mas eis que minha pequena tropa de dois mil e sessenta homens lutou desesperadamente; sim, permaneceram firmes diante dos lamanitas, infligindo à morte a todos os que se lhes opuseram.
E enquanto o resto de nosso exército estava prestes a ceder terreno aos lamanitas, eis que esses dois mil e sessenta permaneceram firmes e impávidos.
Sim, e eles obedeceram a cada palavra de comando e cumpriram-nas com exatidão; sim, e tudo lhes aconteceu de acordo com sua fé; e eu lembrei-me das palavras que eles me disseram ter aprendido com suas mães.
E aconteceu que duzentos de meus dois mil e sessenta haviam desmaiado em virtude da perda de sangue; não obstante, de acordo com a bondade de Deus e para nossa grande surpresa e também para alegria de todo nosso exército, nenhum deles perecera; sim, e não houve entre eles um só que não tivesse recebido muitos ferimentos.
Ora, sua sobrevivência encheu de espanto todo o nosso exército; sim, que eles tivessem sido poupados, enquanto mil de nossos irmãos foram mortos. E, com razão, atribuímos isso ao miraculoso poder de Deus, por causa de sua extraordinária fé naquilo que haviam sido ensinados a crer— que existia um Deus justo e que todo aquele que não duvidasse seria preservado pelo seu maravilhoso poder.
Ora, era esta a fé possuída por aqueles de quem falei; eles são jovens, de opinião firme, e depositam continuamente sua confiança em Deus. (Alma 56:44-48, 54-56 e 57:19-21, 25-27, itálicos adicionados)
A forma como procederemos nos tempos de guerra é um reflexo de nossa preparação. Devemos nos preparar como os nefitas de outrora, porque se estivermos preparados não temeremos (D&C 38:30). O Livro de Mórmon já nos advertiu – ouçamos sua voz!

Conclusão
O Senhor é o príncipe da paz (Isaias 9:6). Mas diante da iniqüidade Cristo veio trazer a espada (Mateus 10:34-39). A palavra de Deus é a arma mais poderosa para os tempos de guerra e paz (Alma 31:5; Helamã 5:20, 46-51-52) – ela é como uma espada de dois gumes que penetra até dividir a alma (Hebreus 4:12; D&C 33:1). Se nos agarrarmos à barra de ferro, que é a Palavra de Deus, as névoas de tentação e tristeza não nós destruirão (1 Néfi 11:25, 12:17). Devemos também “permanecer em lugares santos” (D&C 42:32, 87:8), ouvir “os atalaias” de Deus - os profetas (Ezequiel 33:7, 9), guardar os mandamentos (D&C 35:24) e perseveremos até o fim (3 Néfi 27:6). Desse modo, tendo o Espírito Santo como guia constante, seremos preservados pelo incomparável poder de Deus – mesmo que “a terra e o inferno se unam” contra nós eles não prevalecerão (D&C 6:34). Isso não significa que não sofreremos pelos pecados do mundo ou que as guerras não afligirão os santos, mas sim que os justos serão salvos (D&C 63:34).
Há muitas lições que podemos aprender com as guerras do Livro de Mórmon. Algumas foram expostas aqui. Cada um deve, ao ler e ponderar orar para entender as mensagens divinas que estão em todas as páginas do livro que mais aproxima as pessoas de Deus.
O Livro de Mórmon menciona tantas guerras porque mostra que o poder de Deus sempre é superior ao dos homens ou do diabo. Expõem que os fiéis são sempre libertados (Alma 50:22), pois pela fé tornam-se “forte com o poder de libertação” (1 Néfi 1:20). Também ensina que devemos nos lembrar das guerras e da liberdade dos antigos para mantermo-nos no caminho correto (Alma 5:4-6); demonstra como os justos devem reagir às guerras e qual esperança devem buscar.

7 de abr. de 2010

Moisés 6:59-60: NASCER DE NOVO

Nossa vinda à mortalidade ocorre pelo nascimento. Deixando de lado a polêmica sobre quando se inicia a vida mortal , consideraremos a concepção como o nascimento mortal, o inicio do segundo estado e do tempo de provação (GEE Mortalidade). Há três elementos presentes no nascimento mortal: água, sangue e espírito. Eles são elementos reais e necessários para que ocorra o nascimento. Sem sangue nenhum mortal vive, pois a vida esta no sangue (Levítico 17:11, 14). Do mesmo modo, sem a água ninguém é concebido: pois há água presente na formação do feto, por exemplo, na placenta da gestante. Sem que o espírito pré-mortal entre no corpo não há vida, pois “o espírito e o corpo formam a alma do homem” (D&C 88:15). A morte ocorre com a saída do espírito do corpo (GEE Morte Física). O segundo nascimento é um símbolo do primeiro. É chamado de novo nascimento: nascimento por que os mesmos elementos – água, sangue e espírito – estão presentes; e novo porque (1) vem pelo Novo e Eterno convênio do evangelho; (2) muda o estado anterior (semelhante à mudança que ocorreu do estado pré-mortal para o mortal); (3) purifica, justifica e santifica – tornando a criatura inocente como uma criancinha, por isso é também chamado de nascimento espiritual. Ao virmos para Terra tornamo-nos afastados de Deus, tanto fisicamente quanto espiritualmente, por causa da Queda e da fraqueza humana: “Por que Adão caiu, existimos; e pela sua queda veio a morte; e fomos feitos participantes de miséria e desgraça; Eis que Satanás veio para o meio dos filhos dos homens e tentou-os para que o adorassem; e os homens tornaram-se carnais, sensuais e diabólicos e encontram-se afastados da presença de Deus. Mas Deus fez saber a nossos pais que todos os homens devem arrepender-se. E ele chamou nosso pai Adão com sua própria voz, dizendo: Eu sou Deus; eu fiz o mundo e os homens antes que existissem na carne. E ele também lhe disse: Se te voltares para mim e deres ouvidos a minha voz e creres e te arrependeres de todas as tuas transgressões e fores batizado, sim, na água, em nome de meu Filho Unigênito, que é cheio de graça e verdade, que é Jesus Cristo, o único nome que será dado debaixo do céu mediante o qual virá a salvação aos filhos dos homens, receberás o dom do Espírito Santo, pedindo todas as coisas em seu nome; e tudo o que pedires te será dado. (Moisés 6:48-52, itálicos adicionados) Desde Adão o evangelho tem sido ensinado. Aqueles que o aceitam plenamente nascem de novo: “Aí se começou a dizer entre o povo que o Filho de Deus expiara o pecado original, de modo que os pecados dos pais não podem recair sobre a cabeça dos filhos, pois estes são limpos desde a fundação do mundo.” “E o Senhor falou a Adão, dizendo: Visto que teus filhos são concebidos em pecado, quando eles começam a crescer, concebe-se o pecado em seu coração e eles provam o amargo para saber apreciar o bom. E a eles é dado distinguir o bem do mal, de modo que são seus próprios árbitros; e dei-te outra lei e mandamento.” “Portanto ensina a teus filhos que todos os homens, em todos os lugares, devem arrepender-se, ou de maneira alguma herdarão o reino de Deus, porque nenhuma coisa impura pode ali habitar ou habitar em sua presença; pois, no idioma de Adão, Homem de Santidade é seu nome e o nome de seu Unigênito é Filho do Homem, sim, Jesus Cristo, um justo Juiz, que virá no meridiano dos tempos.” “Portanto dou-te o mandamento de ensinares estas coisas liberalmente a teus filhos, dizendo: Por causa da transgressão vem a queda, queda essa que traz a morte; e sendo que haveis nascido no mundo pela água e sangue e espírito que eu fiz e assim vos haveis transformado de pó em alma vivente, do mesmo modo tereis de nascer de novo no reino do céu, da água e do Espírito, sendo limpos por sangue, sim, o sangue de meu Unigênito; para que sejais santificados de todo pecado e desfruteis as palavras da vida eterna neste mundo e a vida eterna no mundo vindouro, sim, glória imortal; Pois pela água guardais o mandamento, pelo Espírito sois justificados e pelo sangue sois santificados” (Moisés 6:54-60, itálicos adicionados). As muitas doutrinas expostas nestes versículos serão a base para os próximos capítulos. Algumas delas já forma comentadas. O que deve ficar claro é o conteúdo simbólico do evangelho, mais especificamente de suas ordenanças. Há razões para os ritos do evangelho serem como são. Evidentemente não nos foi revelado tudo sobre o assunto , mas as escrituras e os profetas explicam que o sacerdócio é uma maneira que permite o povo “saber como esperar pelo seu Filho para receber a redenção” (Alma 13:2): “Ora, essas ordenanças foram instituídas dessa maneira para que, por meio delas, o povo pudesse ter esperança no Filho de Deus, sendo um símbolo de sua ordem, ou melhor, sendo sua ordem; e isto para que pudessem esperar dele a remissão de seus pecados, a fim de entrarem no descanso do Senhor” (Alma 13:16, itálicos adicionados). A ordenança do batismo, por exemplo, é simbólica. O batismo é uma parte essencial do nascimento simbólico no reino dos céus. O batismo e todas as outras ordenanças “têm sua semelhança e todas as coisas são criadas e feitas para prestar testemunho de [Cristo], tanto as coisas [temporais] como as coisas que são espirituais; coisas que estão acima nos céus e coisas que estão na Terra e coisas que estão dentro da terra e coisas que estão embaixo da terra, tanto acima como abaixo: todas as coisas prestam testemunho de [Cristo]” (Moisés 6:63). As ordenanças não podem ser compreendidas se apenas vistas superficialmente. Cada ordenança de salvação será estuda com cuidado mais adiante. O ritual de purificação do leproso da lei mosaica continha igualmente os elementos do nascimento (água, espírito e sangue): “Esta será a lei do leproso no dia da sua purificação: será levado ao sacerdote, E o sacerdote sairá fora do arraial, e o examinará, e eis que, se a praga da lepra do leproso for sarada então o sacerdote ordenará que por aquele que se houver de purificar se tomem duas aves vivas e limpas, e pau de cedro, e carmesim, e hissopo. Mandará também o sacerdote que se degole uma ave num vaso de barro sobre águas vivas, E tomará a ave viva, e o pau de cedro, e o carmesim, e o hissopo, e os molhará, com a ave viva, no sangue da ave que foi degolada sobre as águas correntes. E sobre aquele que há de purificar-se da lepra espargirá sete vezes; então o declarará por limpo, e soltará a ave viva sobre a face do campo. E aquele que tem de purificar-se lavará as suas vestes, e rapará todo o seu pêlo, e se lavará com água; assim será limpo; e depois entrará no arraial, porém, ficará fora da sua tenda por sete dias; E será que ao sétimo dia rapará todo o seu pêlo, a sua cabeça, e a sua barba, e as sobrancelhas; sim, rapará todo o pêlo, e lavará as suas vestes, e lavará a sua carne com água, e será limpo.” “E o sacerdote tomará do sangue da expiação da culpa, e o porá sobre a ponta da orelha direita daquele que tem de purificar-se e sobre o dedo polegar da sua mão direita, e no dedo polegar do seu pé direito. Também o sacerdote tomará do logue de azeite, e o derramará na palma da sua própria mão esquerda. Então o sacerdote molhará o seu dedo direito no azeite que está na sua mão esquerda, e daquele azeite com o seu dedo espargirá sete vezes perante o SENHOR; E o restante do azeite, que está na sua mão, o sacerdote porá sobre a ponta da orelha direita daquele que tem de purificar-se, e sobre o dedo polegar da sua mão direita, e sobre o dedo polegar do seu pé direito, em cima do sangue da expiação da culpa; E o restante do azeite que está na mão do sacerdote, o porá sobre a cabeça daquele que tem de purificar-se; assim o sacerdote fará expiação por ele perante o SENHOR.” “E o sacerdote oferecerá o holocausto e a oferta de alimentos sobre o altar; assim o sacerdote fará expiação por ele, e será limpo” (Levítico 14:2-9, 12-16, 20). O leproso se raspava para ficar semelhante a um recém-nascido. Vencer a lepra era, na época, como nascer outra vez, pois a lepra era uma praga mortal. O óleo simboliza a pureza e o Espírito de Deus (I Samuel 16:13; GEE Óleo). A ave morta representa o Deus altíssimo expiando pelas impurezas, à ave livre representa a liberdade proveniente do sacrifício de Cristo – sua expiação e ressurreição. O ritual do leproso e toda lei de Moisés é um símbolo de Cristo, da purificação advinda pela Expiação (2 Néfi 11:4; Alma 25:15-16). Água, Sangue e Espírito também são símbolos da Trindade – o quórum do sacerdócio que preside o universo: “Porque três são os que testificam no céu: o Pai, a Palavra (que é Cristo), e o Espírito Santo; e estes três são um. E três são os que testificam na terra: o Espírito, e a água e o sangue; e estes três concordam num” (I João 5:7-8). A própria Expiação também contém os elementos eternos Água, Sangue e Espírito. A água encontramos, não só como substancia essencial contida no sangue de Cristo derramado dês do Getsêmani até o sepultamento, mas quando um soldado lhe furou o lado e água e sangue saíram-lhe (João 19:24). Vemos sangue na Expiação em todos os momentos, pois o sangue é que fez a expiação pela culpa (Levítico 17:11). O sangue esta presente no Jardim, onde foi vertido da maneira mais dolorosa – saindo por cada poro (Lucas 22:44; Mosias 3:7; D&C 19:18). E no injusto julgamento, na agonizante tortura e por fim no Gólgota, onde o Salvador entregou o espírito (João 19; Mateus 26:52-70, 27) O elemento espírito está presente, por exemplo, na frase de Jesus na Cruz ao consumar sua obra: “Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito!” (Lucas 23:46). Evidentemente Cristo não nasceu de novo na ocasião da Expiação. Ele nasceu como nós, de uma mãe mortal, passou pelo véu do esquecimento, foi batizado, recebeu o Espírito Santo e todas as ordenanças do evangelho. Mas diferente de nós Ele já era perfeito e santo antes de nascer na Terra (Deuteronômio 18:13), e continuou santo na mortalidade (Mosias 14:9). Mesmo que fosse, enquanto mortal “pouco menor que os anjos” (Hebreus 2:9), readquiriu toda glória que possuía antes do mundo existir (João 17:5). O nascimento espiritual de Cristo ocorreu na pré-mortalidade. O papel de Cristo era possibilitar a nós, seres imperfeitos, que nos tornássemos como Ele – santos sem mácula (3 Néfi 12:48; Morôni 10:33). O nascimento mortal é natural, sem ser necessário um rito sacerdotal. O nascimento espiritual precisa de cerimônias. O nascimento mortal ocorre num período temporal semelhante aos homens – em nove meses há um nascimento. Já o espiritual pode ocorrer nesta vida, depois da morte ou nunca acontecer. A despeito das diferenças demonstradas, e muitas outras, entre os dois nascimentos, o símbolo perde o sentido se tirado de seu contexto. Água, Espírito e Sangue estão presentes nos dois nascimentos. Mergulhado no útero da mãe, o feto nascerá num certo período de tempo. Imerso nas águas batismais o converso dá inicio a uma nova vida espiritual. O espírito pré-mortal acomoda-se no corpo do bebê no momento certo, formando uma alma (D&C 88:15). Semelhantemente o Espírito Santo é recebido como dom e companhia constante. Tal como o espírito pré-mortal não se separa do corpo mortal, se não com a morte, também o Espírito Santo não se aparta do justo, a não ser com o pecado – que conduz a morte espiritual. Sangue corre nas veias do feto, alimentando a mortalidade. Sangue expiatório é aplicado no converso limpando-o de suas transgressões e pecados, purificando-o e santificando-o. É importante salientar que o nascimento espiritual acontece somente depois do recebimento de todos os elementos – água, espírito e sangue – e não antes. É verdade que podemos dizer que alguém que foi recentemente batizado nasceu de novo. Mas isso não é senão uma expressão que deduz um compromisso maior . Os que foram batizados apenas iniciaram seu nascimento no reino de Deus. Porque a conversão, que é o nascer de novo, é mais um processo do que um evento. Na realidade, o nascer de novo é um processo com vários eventos. Esses eventos são ocasiões onde convênios são firmados. Esses convênios muitas vezes são acompanhados de cerimônias: são as ordenanças do evangelho. Não obstante, o recebimento das ordenanças não necessariamente faz com que alguém nasça de novo. Para nascer de novo há necessidade de ser santificado. As obras (ordenanças) por si só não garantem o novo nascimento. Assim como um feto, que passa por todas as etapas da gestação e na concepção está perfeitamente formado não necessariamente nascerá vivo; também o converso que não realizou mudanças suficientes – isto é, não se despojou do homem natural, não se tornou como uma criancinha, não guardou os mandamentos, não foi justificado ou não foi santificado não pode nascer de novo. O processo de nascer de novo recebe vários nomes nas escrituras: despojar-se do homem natural (Mosias 3:19), tornar-se como uma criancinha (3 Néfi 11:37-38), justificação e santificação (Moisés 6:60), aperfeiçoar-se por meio de Cristo Jesus (Efésios 4:12-13 e Hebreus 10:14), andar com Deus (Alma 53:21, Gênesis 6:9), ser um com Deus (João 17:11, 21), etc. O processo de nascer de novo começa com o contato com a palavra de Deus e a fé em Jesus Cristo e termina com o chamado e eleição (2 Pedro 1:10), que é quando vencemos o mundo: “Todo aquele que crê que Jesus é o Cristo, é nascido de Deus; e todo aquele que ama ao que o gerou também ama ao que dele é nascido. Nisto conhecemos que amamos os filhos de Deus, quando amamos a Deus e guardamos os seus mandamentos. Porque este é o amor de Deus: que guardemos os seus mandamentos; e os seus mandamentos não são pesados. Porque todo o que é nascido de Deus vence o mundo; e esta é a vitória que vence o mundo, a nossa fé. Quem é que vence o mundo, senão aquele que crê que Jesus é o Filho de Deus? Este é aquele que veio por água e sangue, isto é, Jesus Cristo; não só por água, mas por água e por sangue. E o Espírito é o que testifica, porque o Espírito é a verdade.” “Porque três são os que testificam no céu: o Pai, a Palavra, e o Espírito Santo; e estes três são um. E três são os que testificam na terra: o Espírito, e a água e o sangue; e estes três concordam num” (I João 5:1-8). Jesus Cristo disse que quem não nascer de novo não pode entrar no Reino dos céus. O Reino dos céus é o que buscamos. Ele explicou a Nicodemos, um fariseu, que o nascimento espiritual inclui o batismo e o dom do Espírito Santo. Mas não só isso, pois disse que Ele fora enviado para santificar o mundo dando sua vida. Quando Nicodemos indagou como era possível aquilo, Jesus repreendeu aquele membro do sinédrio dizendo: “Tu és mestre de Israel, e não sabes isto? (...) Se vos falei de coisas terrestres, e não crestes, como crereis, se vos falar das celestiais?” (João 3:1-21). Assim muitos, mesmo entre os membros da verdadeira Igreja não sabem a respeito do processo de nascer de novo. E mesmo aqueles que conhecem ainda podem aprender mais. Assim que pudermos conhecer as coisas celestiais, elas nos serão ensinadas. Porque quem receber e obedecer receberá mais (2 Néfi 28:30), até receber tudo (D&C 88:49). O Senhor ordenou que essas coisas fossem pregadas liberalmente entre os filhos dos homens (Moisés 6:58-60).

ALMA 21: AFLIÇÕES NA MISSÃO DE TEMPO INTEGRAL

Ao começar a contar sobre a jornada de Amon e seus irmãos, Mórmon diz:
“Ora, foram essas as circunstâncias que ocorreram em suas viagens, pois tiveram muitas aflições; sofreram muito, tanto física quanto mentalmente, de fome, sede e cansaço; e sofreram também muitas tribulações no espírito.” (Alma 17:5)
Ao terminar o relato de Amon e seus irmãos, Mórmon resume:
“E este é o relato de Amon e seus irmãos, de suas viagens na terra de Néfi, seus sofrimentos na terra, suas dores e suas aflições, e sua incomensurável alegria (...)” (Alma 28:8).
Fica evidente pela escritura que antes da “incomensurável alegria” vieram às adversidades.
O trabalho missionário é um dos trabalhos mais difíceis, se não for o mais difícil! Há vários motivos porque o trabalho missionário não é fácil.
Um dos motivos principais é por que é o trabalho do Senhor – e Satanás opõem-se a Deus. Todo missionário sabe que o opositor trabalha muito para destruir a obra de Deus. Na missão de Amon e seus irmãos não foi diferente.
Lemos no Livro de Mórmon algumas táticas do diabo – enfurecer, pacificar, enganar:
Alguns ele enfurece, e incita a irarem-se contra o que é bom (2 Néfi 28:19). Isso aconteceu na missão de Amon e seus irmãos – por exemplo, o próprio rei de todos os lamanitas enfureceu-se com Amon (Alma 20:13-16). E também os apóstatas nefitas “ficaram zangados” com a pregação de Aarão (Alma 21:9-10)
Alguns o diabo pacifica e acalenta com “segurança carnal”, de modo que para eles tudo vai bem (2 Néfi 28:21). É o caso dos amalequitas, amulonitas e lamanitas que viviam em Jerusalém (Alma 21:2-3, 5-10), que pensavam que todos seriam salvos no último dia (Alma 1:4)
A outros o demônio lisonjeia dizendo “eu não sou o diabo, porque ele não existe” (2 Néfi 28:22). Lemos que embora os lamanitas acreditassem num Grande Espírito, “pensavam que tudo que fizessem estaria certo” (Alma 18:5)


Outro motivo porque a obra missionária é difícil é porque envolve o arbítrio de outras pessoas. Os irmãos de Amon não tiveram um sucesso tão aparente quanto de Amon, no começo de suas missões, não porque não eram dignos, fiéis ou diligentes. Eles tinham se preparado tanto quanto Amon, mas “haviam tido a infelicidade de cair nas mãos de um povo mais duro e obstinado; portanto não quiseram escutar-lhes as palavras, tendo-os expulsado e batido neles, tendo-os enxotado de casa em casa e de lugar em lugar, até chegarem a terra de Midôni; e ali foram capturados e postos na prisão e amarrados com fortes cordas; e ficaram encarcerados por muitos dias (...)” (Alma 20:30, itálicos adicionados).
Enquanto o povo a quem Aarão e outros pregaram usaram seu arbítrio para dizer: “Não acreditamos nessas tradições tolas. Não acreditamos que saibas coisas futuras (...)” (Alma21:8), o povo de Ismael, que foi ensinado por Amon escolheu acreditar, ser batizados e organizar uma Igreja (Alma 19:35)´. Os resultados externos do trabalho missionário – como o numero de batismos – não medem verdadeiramente o sucesso de um missionário. Porque a colheita pertence ao Senhor (Alma 26: 7 – mais sobre esse assunto será tratado no capítulo 12), e as pessoas tem a liberdade de aceitar ou recusar a verdade.

A próxima razão do porque é difícil o trabalho missionário é porque precisamos adquirir os atributos de Cristo, para servos bons exemplos. Quando, logo no início de seu serviço missionário entre os lamanitas, Amon e seus irmãos estavam a caminho da Terra da Primeira Herança, no deserto, ficaram deprimidos e estavam para voltar (Alma 26:27). Quando pensamos em Amon e seus irmãos lembramos de seu sucesso, pensamos neles como homens fortes que sabiam o que estavam fazendo. Realmente isso é verdade, mas ao estimarmos eles como grandes heróis, podemos supor que não tinham imperfeições, ou que não desanimaram. Na realidade Amon e seus irmãos estavam a ponto de voltar para casa, desistindo da grande obra.
E voltariam talvez porque o deserto – com os rigores climáticos, a alimentação escassa e a pouca água – era bem diferente da agradável capital Zaraenla, e da confortável casa real. Talvez porque seu rei e pai morrera , e estavam preocupados com a família. Talvez porque ficaram assustados com a tremenda tarefa que tinham empreendido, e se sentiram sobrecarregados. Talvez porque lembraram que muitos esforços já haviam sido feitos para reconduzir os lamanitas – e todos, aparentemente haviam sido vãos.
Mas o Senhor os “confortou e disse: Ide para o meio de vossos irmãos, os lamanitas, e suportai com paciência vossas aflições; e eu farei com que tenhais êxito.” (Alma 26:27)
O Senhor também disse: “sereis pacientes nos sofrimentos e aflições , para dar-lhes bons exemplos em mim; e farei de vós instrumentos em minhas mãos para a salvação de muitas almas” (Mosias 17:11)
Quando o Senhor disse a Amon e a seus irmãos isso eles “encheram-se de coragem” (Alma 17:12) Mas essa coragem seria provada muitas e muitas vezes entre os lamanitas: Amon e seus irmãos foram “rechaçados, escarnecidos e cuspidos e esbofeteados; e [foram] apedrejados, e amarrados com fortes cordas e lançados na prisão (...) E [padeceram] toda espécie de sofrimentos; e tudo isso para que talvez [pudessem] ser o instrumento da salvação de algumas almas (...)” (Alma 26:29-30).
Não há sucesso na missão, sem passarmos por provas de fogo. A fé, a integridade, a diligência, a obediência, a caridade e tudo mais são testados ao máximo. Essa é uma prova da misericórdia de Deus, por que as aflições são para nosso bem (D&C 122:7-9).
Ao sermos provados, e passarmos bem nas provações, nos assemelhamos mais a Cristo . Parece que se não formos afligidos não poderemos ser “bons exemplos” aos não-membros, e não poderemos ser eficazes instrumentos nas mãos de Deus.
As adversidades físicas, sociais, familiares, financeiras, mentais e espirituais podem ser esperadas por todos aqueles que embarcam no serviço de Deus.
“Porque é coisa agradável, que alguém, por causa da consciência para com Deus sofra agravos, padecendo injustamente (...) Porque para isso sois chamados; pois também Cristo padeceu por nós, deixando-nos o exemplo, para que sigais suas pisadas.” (I Pedro 2: 19 e 21, itálicos adicionados)
“Por isso sofro trabalhos e até prisões, como um malfeitor; mas a palavra de Deus não esta presa. Portanto tudo sofro por amor dos escolhidos, para que também eles alcancem salvação que está em Cristo Jesus com glória eterna.” (II Timóteo 1:9-10, itálicos adicionados)
Pedro e Paulo, que foram mencionados acima, entendiam que o sofrimento faz parte da condição mortal. A perseguição, a injustiça, a maldade dos homens acomete todos os discípulos de Cristo neste estado telestial: “todos os que piamente querem viver em Cristo Jesus padecerão perseguições” (II Timóteo 3:12)
Lembro que na minha missão o Élder Russell M. Nelson, que nos foi visitar ensinou: “Se vocês não estão sendo perseguidos se arrependam!” Ele quis dizer que Satanás não precisa perseguir os que estão do lado dele –portanto se não estamos sendo perseguidos ou afligidos algo esta errado, e precisa mudar.
Contudo, embora soframos no trabalho missionário temos a promessa do aparo celeste. Todos as aflições não podem nos separar de Deus (Romanos 8: 31, 35-39). Na verdade nos levam mais para perto Dele (Romanos 8: 18, 28).
Vemos isso na missão de Amon e seus irmãos. Foi apenas depois de terem “seus sofrimentos” e ”suas dores e suas aflições” que tiveram a “incomensurável alegria” (Alma 28:8). Foi apenas depois de ficarem deprimidos, que o Senhor os visitou, os consolou e lhes prometeu que teriam êxito (Alma 17:10-11; 26:27)

A outra razão de dificuldade, no caso de serviço missionário de tempo integral, é que estamos longe de casa. A cultura dos lamanitas era diferente das dos nefitas e vários aspectos. As diferenças incluíam: (1) a forma de se vestir – os lamanitas andavam nus exceto por uma curta faixa de pele ao redor dos lombos (Enos 1:20), raspavam a cabeça (Alma 2:5) e se tingiam de vermelho (Alma 3:4). (2) A alimentação talvez fosse bem diferente – pois alguns comiam carne crua (Enos 1:20). (3) A forma de obter lucro ou sucesso era outra (Alma 18:7). (4) A maneira de trabalhar – se é que trabalhavam! – era diferente (Mosias 9:12). (5) A cultura era outra – festas, eventos, organização política, etc (por exemplo, Alma 20:9). E também as (6) tradições e a religião eram diferentes das dos nefitas (Alma 18:5). E havia ainda outras diferenças que os registros não mencionam por não ser esse o propósito do livro.
Os contrastes entre os povos podem ser uma adversidade. Aprender outra língua e/ou adaptar-se as circunstâncias de um povo leva tempo e é difícil. Mas o Senhor prometeu ajudar seus servos. Ele ajudou Amon e seus irmãos. Lembrem-se de que Amon e seus irmãos eram nefitas – inimigos mortais dos lamanitas – mas mesmo assim – com todas as diferenças – herdadas pela História – eles tiveram sucesso – porque não consideravam os lamanitas como inimigos, mas sim, ao contrário, como “irmãos dos nefitas”. Ao amarmos o povo que servimos as dificuldades culturais, sociais e políticas são amenizadas, e até desaparecem.