26 de set. de 2012

O Anticristo


Quem é o anticristo?

                
A figura do "anticristo" como um personagem singular e aterrorizante é uma construção teológica que remonta a Idade Média e prepondera até hoje em vários segmentos do cristianismo. Há seis referências ao "anticristo" nas escrituras. Todas elas indicando "anticristo" como uma condição e não a uma pessoa em especifico. Se tivéssemos que adequar esse termo a apenas um personagem, então a melhor escolha seria indicar o anticristo como o próprio Satanás.


                Em I João 2:18, o apóstolo João, adverte os santos contra um novo anticristo que haveria de surgir em breve, mas ele também diz que "já muitos anticristos se têm levantado" ("Os anticristos aos quais João se referiu são as pessoas que abandonaram a Igreja e deixaram de acreditar em Jesus Cristo" - Manual do Aluno do Seminário Curso do Novo Testamento, pg. 160). Depois João explica que todos os que negam o poder de Cristo para salvação e procuram enganar o mundo são anticristos, ou possuem o "espírito do anticristo" (I João 2:22, I João 4:3, II João 1:7). No Livro de Mórmon aprendemos que mesmo antes do nascimento do Salvador, já haviam anticristos (Jacó 7 e Alma 30:6, 12).
                Daniel teve uma visão semelhante a João em Apocalipse em Daniel 7:20-27. Ele viu, em determinado momento, uma criatura com dez chifres, sendo que um outro chifre pequeno crescia entre eles. Tal ponta representaria o anticristo - um personagem ímpar e demoníaco? Alguns creem que sim. Porém "é impossível identificar este símbolo com qualquer indivíduo ou reino do mundo específico, mas parece corresponder à besta que João viu subir do mar (Apocalipse 13:1), a qual fez igualmente "guerra aos santos" (Apocalipse 13:7). A ponta ou chifre pequeno representa um notável poder anticristo que surgiria após a época do Império Romano, e seria diferente dos outros dez reinos mencionados depois do poder romano. Daniel diz que essa ponta teria poder para fazer guerra aos santos e derrotá-los até a época da segunda vinda de Cristo." (Manual do Aluno do Curso do Velho Testamento (curso 302), itálicos adicionados; pg. 304).
                O Presidente George Albert Smith falou da diminuição da crença em Deus e na missão divina de Jesus Cristo e identificou muitas pessoas como possuindo o "espírito de anticristo": " “É estranho como é difícil para muitas pessoas acreditarem na existência de Deus. Muitos são anticristos, mas são capazes de crer em quase tudo mais que lhes for apresentado e defendido com argumentos. Digo-lhes hoje que a maior parte da população do mundo em que vivemos é formada por anticristos, e não seguidores de Cristo. E mesmo no meio dos que afirmam crer no cristianismo, relativamente poucos de fato acreditam na missão divina de Jesus Cristo. Bem, qual é o resultado? As pessoas afastaram-se do Senhor e Ele não pode abençoá-las quando elas se recusam a serem abençoadas” (Conference Report, abril de 1948, p. 179).                   A irmã Julie B. Beck disse energicamente: "Ser anticristo é ser antifamília. Toda doutrina ou princípio que nossos jovens ouvirem no mundo que seja contra a família também é contra Cristo. É simples assim." ("Ensinar a doutrina da Família", A Liahona, Março de 2011)

Mas qual a definição de um anticristo?

               O Guia para Estudo das Escrituras define anticristo como sendo “toda pessoa ou tudo aquilo que seja uma representação falsa do verdadeiro plano de salvação do evangelho e que, aberta ou secretamente, se oponha a Cristo. (…) Lúcifer é o maior anticristo, mas ele tem muitos assistentes, tanto entre os seres espirituais como entre os mortais” (“Anticristo”).
                O Élder Bruce R. McConkie (1915–1985), do Quórum dos Doze Apóstolos, foi além: “Um anticristo é um oponente de Cristo, é quem se opõe ao evangelho verdadeiro, à Igreja verdadeira e ao verdadeiro plano de salvação (I João 2:19; 4:4–6). É quem oferece salvação aos homens sob termos diferentes daqueles estipulados por Cristo. Serém ( Jacó 7:1–23), Neor (Alma 1:2–16) e Corior (Alma 30:6–60) foram anticristos que espalharam suas mentiras entre os nefitas” (Mormon Doctrine, 2ª ed., 1966, pp. 39–40).


Com o se precaver contra o espírito do anticristo?
                O Presidente Ezra Taft Benson falou sobre a importância do Livro de Mórmon, inclusive explicando que o mesmo revela os inimigos de Cristo e nos ajuda a vencê-los[1]. Ele deixou em 1986 uma bênção profética:
                “Em nossos dias, o Senhor revelou a necessidade de voltarmos a realçar o Livro de Mórmon, a fim de tirarmos a Igreja e todos os filhos de Sião da condenação — o flagelo e o juízo (ver D&C 84:54–58). Essa mensagem deve ser levada aos membros da Igreja em todo o mundo. (...)
                Agora, com a autoridade do santo sacerdócio investida em mim, invoco minha bênção sobre os santos dos últimos dias e sobre as pessoas de bem em todas as partes.
                Abençôo-os com maior discernimento para julgarem entre Cristo e o anticristo. Abençôo-os com maior poder para fazerem o bem e resistirem ao mal. Abençôo-os com maior compreensão do Livro de Mórmon.
                Prometo-lhes que, a partir de agora, se sorverem suas páginas e seguirem seus preceitos, Deus derramará sobre cada filho de Sião e a Igreja uma bênção até agora desconhecida — e suplicaremos ao Senhor que comece a retirar a condenação — o flagelo e juízo. Disso presto solene testemunho” (em Conference Report, abril de 1986, p. 100; ou A Liahona, julho de 1986, p. 80).
                O Élder Delbert L. Stapley afirmou que um testemunho a respeito do profeta moderno também nos protegerá: ''Testifico-vos, irmãos e irmãs, que Deus o sustém (o profeta vivo), e a ninguém mais neste mundo, senão ele, pois lhe foi conferido o chamado de profeta, vidente e revelador, representando o Senhor aqui na terra nesta época. Somente ele tem o direito de receber revelação para a Igreja, e se todas as pessoas entenderem esse fato, não serão enganadas por aqueles que procuram desviá-los da Igreja e de seus gloriosos princípios  (...)
                Eles serão fortalecidos contra os falsos mestres e anticristos, que certamente temos entre nós." (Conference Report, outubro de 1953, pg. 70)



[1] Ele disse: “O Livro de Mórmon expõe ao mundo os inimigos de Cristo. (…) Fortalece os humildes seguidores de Cristo contra os desígnios, estratégias e doutrinas malignas do diabo em nossos dias. O tipo de apóstatas do Livro de Mórmon é semelhante ao que vemos na atualidade. Deus, em sua infinita presciência, moldou o Livro de Mórmon de modo que enxergássemos o erro e soubéssemos como combater os falsos conceitos educacionais, políticos, religiosos e filosóficos de nossa época”. (“The Book of Mormon Is the Word of God”, Ensign, janeiro 1988, pg. 3).

14 de set. de 2012

Como obter resposta para questões polêmicas?


                Muitos membros da Igreja se incomodam com alguns assuntos do evangelho, ou com assuntos que embora não se relacionem diretamente ao evangelho, acabam por ter implicações no mesmo. Na maioria das vezes, esses assuntos são fruto de uma passagens de escritura obscura, de um único e isolado discurso de uma Autoridade Geral ou um acontecimento da História da Igreja que é destoante do nosso entendimento de como as coisas deveriam ter sido. Quando esses assuntos passam a fazer parte de debates intelectuais, explicações unilaterais e especulações de modo geral, entre outros, os assuntos podem vir a tornar-se polêmicos. E essa repercussão pode destruir a fé. Por isso o Apóstolo Paulo aconselhou à Timóteo: "rejeita as questões loucas, e sem instrução, sabendo que produzem contendas" (2 Timóteo 2:23). Em outra ocasião ele também disse: "Mas não entres em questões loucas, genealogias e contendas, e nos debates acerca da lei; porque são coisas inúteis e vãs." (Tito 3:9).
                Felizmente, na maioria das vezes, esses assuntos polêmicos são evitados nas salas de aula da Igreja e nos Seminário e Instituto de Religião SUD. Isso é muito apropriado, porque devido as especulações de coisas que Deus decidiu não revelar totalmente e outros motivos,  a mera citação do tema gera grandes anseios, hesitações, ofensas, distúrbios - além de pecar contra o currículo aprovado para o ensino na Igreja.
                Na maior parte das vezes as questões polemicas acabam por resultar em doutrinas profundas[1].
                Entretanto somos incentivados a buscar conhecimento. O Profeta Joseph Smith disse: "O homem é salvo na mesma proporção em que adquire conhecimento, porque se não adquirir conhecimento, será levado cativo por algum poder maligno no outro mundo, porque os espíritos malignos terão mais conhecimento e consequentemente mais poder do que muitos homens que estão na Terra. Por isso precisamos de revelação para ajudar-nos e dar-nos conhecimento das coisas de Deus" (Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Joseph Smith, pg. 278)
                 Só porque um assunto não foi totalmente revelado pelas escrituras ou profetas não significa que não possa ser revelado a nós pessoalmente. O Profeta Joseph Smith disse certa vez: "Deus nada revela a Joseph que não revele aos Doze, e até mesmo o menor dos santos poderá receber todas as coisas, tão logo possa suportá-las, pois chegará o dia em que nenhum homem terá que dizer ao seu semelhante: Conhecei a Jeová; porque todos (os que permanecerem) o conhecerão, desde o menor deles até o maior." (Smith, Ensinamentos, pg. 145). Em certa ocasião o Presidente Lorenzo Snow recebeu uma revelação sobre o potencial divino do homem. Isso foi em 1840. Todavia foi incentivado pelo Profeta a não compartilhar o que tinha aprendido pelo Espírito até que o Presidente da Igreja ensinasse a doutrina publicamente, o que ocorreu quatro anos depois (Presidentes da Igreja, pg. 90). O Presidente Brigham Young falou sobre a possibilidade de recebermos uma revelação sobre um assunto que não foi revelado publicamente: "Se receber uma visão ou revelação do Todo-Poderoso, concedida pelo Senhor particularmente a você ou a este povo, mas que não deva ser revelada, por você não ser a pessoa adequada para fazê-lo ou por ainda não ser próprio que ela chegue ao conhecimento das pessoas, então guarde-a, sele-a e feche-a tão hermeticamente quanto o céu e torne-a mais secreta que um túmulo. O Senhor não confia naqueles que revelam segredos, pois não pode revelar-se de modo seguro a tais pessoas. (DBY, pp. 40–41).
                Acredito que existam perguntas boas e perguntas melhores. As melhores indagações são aquelas que concedem respostas necessárias para lidar com nossas próprias  circunstâncias e dificuldades. Uma pergunta boa é: "onde os dinossauros se encaixam no plano de salvação?" Uma pergunta melhor é: "Como posso ajudar meu pai a compreender que Deus vive e o ama?"
                Muitas vezes as perguntas polemicas não fazem parte do rol das perguntas melhores - ou seja, sua resposta não fará uma grande diferença em nossa vida mortal. Não obstante, algumas questões polemicas são muito pertinentes - e em alguns casos, se não forem adequadamente respondidas poderão levar-nos a condenação. Por isso devemos buscar respostas.
                O Presidente Dieter F. Uchtdorf falou sobre termos uma atitude inquiridora: "Na verdade, não sei como podemos descobrir a verdade sem fazer perguntas. Nas escrituras, raramente encontramos uma revelação que não foi dada em resposta a uma pergunta. Sempre que uma pergunta surgia, e Joseph Smith não tinha certeza de qual era a resposta, ele procurava o Senhor, e o resultado foram as maravilhosas revelações de Doutrina e Convênios. Muitas vezes o conhecimento que Joseph recebia ia muito além da pergunta original. Isso acontece porque o Senhor pode responder não apenas às perguntas que fazemos, mas o mais importante é que Ele pode responder às perguntas que deveríamos ter feito. Vamos dar ouvidos a essas respostas!
                O trabalho missionário da Igreja se baseia em pesquisadores sinceros que fazem perguntas genuínas. O questionamento é a base do testemunho. Alguns podem sentir-se envergonhados ou indignos por terem dúvidas a respeito do evangelho, mas não precisam se sentir assim. Fazer perguntas não é um sinal de fraqueza, mas, sim, um precursor do crescimento.
                Deus ordena que procuremos resposta para nossas dúvidas (ver Tiago 1:5-6) e pede apenas que busquemos “com um coração sincero e com real intenção, tendo fé em Cristo”(Morôni 10:4).Se fizermos isso, a verdade de todas as coisas pode ser manifestada a nós “pelo poder do Espírito Santo” (Morôni 10:5).
                Não tenham medo; façam perguntas. Sejam curiosos, mas não duvidem! Apeguem-se sempre à fé e à luz que já receberam. Como vemos de maneira imperfeita na mortalidade, nem todas as coisas farão sentido agora." (leia_aqui esse discursos completo)
                Há uma advertência a ser feita em nossa busca. Devemos lembrar que "os judeus eram um povo obstinado e desprezaram as palavras claras e mataram os profetas e procuraram coisas que não podiam compreender. Portanto, devido a sua cegueira, cegueira que lhes adveio por olharem para além do marco, [caíram], pois Deus tirou-lhes a sua clareza e entregou-lhes muitas coisas que não [podiam] entender, pois assim o desejaram. E, porque o desejaram, Deus o fez, para que [tropeçassem]" (Jacó 4:14).
                É um dom celestial desejar aprender. Mas o desejo irrestrito - sem paciência, sabedoria e dignidade - leva à extremos: ou ao fanatismo, ou ao ceticismo. Lembremo-nos que Deus "concede aos homens segundo os seus desejos, sejam estes para a morte ou para a vida; sim, (...) ele concede aos homens, sim, dá-lhes decretos inalteráveis segundo seus desejos, sejam eles para salvação ou para destruição" (Alma 29:4). Assim, nosso desejo deve ser acompanhado dos atributos cristãos: obediência, paciência, esperança, amor, etc.
                Dito isso, para achar a resposta para as questões polemicas, uso cinco princípios. Eu acabo utilizando-me deles naturalmente, sem prestar atenção em seguir algum método. Mesmo assim, coloquei-os de tal modo a serem utilizados em sequencia, como um método ou caminho para se achar uma resposta. Não quero com isso complicar as coisas. Por exemplo, não coloquei-os princípios em ordem de importância, não procurei esgotar o assunto, nem esforcei-me para dar todas as explicações. Mas penso que o que escrevi irá ajudar.  Eis os princípios:

1.       Buscar a verdade por revelação e não confiar no braço da carne
2.       Compreender quem é Deus e quem somos nós
3.       Focar na Expiação de Jesus Cristo
4.       Fazer perguntas, mas não duvidar
5.       Estar disposto a Guardar a revelação até que Deus autorize o ensino da verdade

                Esses princípios poderiam ser expressos ou classificados de outra maneira obviamente. Eu poderia escrevê-los em forma de perguntas o que talvez lhes daria mais praticidade, por exemplo: "onde posso buscar a verdade? Como posso ter certeza que recebi uma revelação? Como posso saber que não estou confinado no braço da carne?; etc. Todavia, eu decidi expressá-los do modo que estão expressos porque assim se assemelham a um recipiente com várias camadas ou filtros (como representado na figura ao lado). Nesse recipiente a questão inserida é processada até conceber uma resposta adequada. Se todas as etapas forem seguidas, ou se a questão for devidamente filtrada pelos cinco princípios a resposta proveniente será uma revelação de verdade.
                O papel da Justiça e misericórdia. Deus permite-nos viver, agir e pensar (Mosias 2:21). Portanto, as perguntas que nos sobrevém são dons. Em suas ternas misericórdias e em sua gloriosa Justiça, Deus nos permite exercer atividade intelectual. Ele também permite que com nosso arbítrio utilizemo-nos de métodos que nos atestarão a veracidade das coisas. A resposta a nossas perguntas é igualmente uma graça divina. Conseguimos atingir a certeza de algo, somente quando o Espírito nos revela a verdade. Às vezes, por Justiça, Deus nos nega a resposta completa - porque não o merecemos. Às vezes, por misericórdia, Deus nos nega a resposta pleiteada - porque não estamos preparados ou precisarmos de algum conhecimento preliminar. Mesmo quando o conhecimento não nos chega como queremos, a resposta sempre vem - no devido tempo. Algumas vezes a resposta será "espere um pouco mais" ou "isso não lhe é importante no momento". Outras vezes o Senhor revelará apenas uma parte da reposta, devido a Sua Eterna Sabedoria e Amor.
                Na prática os princípios (ou filtros) que elenquei são também indicadores de atributos divinos, que são essenciais para que voltemos a viver com Deus. Por exemplo: Quando buscamos a verdade por revelação estamos, na verdade, desenvolvendo a Fé; quando fazemos perguntas estamos sendo diligentes e obedientes, etc. Quando nos empenhamos em desenvolver os atributos de Jesus Cristo (que são os que listei e mais alguns) começamos a ter a mente de Deus - e tudo fica mais claro (D&C  88:67) - inclusive as questões que considerávamos difíceis, polemicas ou insolúveis.
                Talvez esse seja um dos motivos pelos quais o Senhor permite que nos debatamos um pouco com certos temas e ideias - até sobre assuntos polêmicos - precisamos aprender certas lições e também mudar nosso caráter para atingir a exaltação eterna. Ter perguntas faz parte do teste da mortalidade. Será que permaneceremos fieis mesmo tendo perguntas? Será que se Deus nos respondesse prontamente todas as questões poderíamos crescer em fé e em obras?
                O Presidente Dieter Uchtdorf falou sobre a paciência: "sem paciência não podemos agradar a Deus, não podemos tornar-nos perfeitos. De fato, a paciência é um processo purificador que aprimora a compreensão, aprofunda a felicidade, direciona a ação e proporciona esperança de paz.
                Como pais, sabemos o quanto é insensato atender a todos os desejos de nossos filhos. Mas os filhos não são os únicos que se estragam quando mimados com satisfação imediata. Nosso Pai Celestial sabe o que os bons pais aprendem com o tempo: para que os filhos amadureçam e atinjam seu potencial, eles precisam aprender a esperar.
Todos somos obrigados a esperar, à nossa própria maneira. Esperamos respostas para orações. Esperamos coisas que na ocasião parecem tão certas e boas para nós, que não conseguimos imaginar por que o Pai Celestial retardaria em responder.
                (...)
                Lembro-me de quando estava preparando-me para ser treinado como piloto de caça. Passamos muito tempo em nosso treinamento militar preliminar fazendo exercícios físicos. Ainda não tenho certeza do motivo pelo qual aquelas infindáveis corridas eram consideradas uma parte preparatória essencial para tornar-nos pilotos. Mesmo assim, corremos, corremos e corremos um pouco mais.
                Quando estava correndo, comecei a notar algo que, sinceramente, deixou-me preocupado. Por muitas vezes, fui ultrapassado por homens que fumavam, bebiam e faziam todo tipo de coisa contrária ao evangelho e, particularmente, à Palavra de Sabedoria.
                Lembro-me de ter pensado: “Espere um pouco! Não sou eu que deveria poder correr e não me cansar?” Mas eu estava cansado, e fui ultrapassado por pessoas que inquestionavelmente não seguiam a Palavra de Sabedoria. Confesso que isso me deixou intrigado na época. Perguntei a mim mesmo: “A promessa era verdadeira ou não?”.
                A resposta não veio imediatamente. Mas, por fim, aprendi que as promessas de Deus nem sempre são cumpridas tão rapidamente ou da maneira que esperamos. Elas podem vir de acordo com o tempo Dele e à maneira Dele. Anos depois, pude ver a comprovação clara das bênçãos físicas que recebem os que obedecem à Palavra de Sabedoria, além das bênçãos espirituais que advêm imediatamente após a obediência a cada lei de Deus. Recordando, sei com certeza que as promessas do Senhor são, sem dúvida, cumpridas, embora talvez nem sempre com rapidez.
                Brigham Young ensinou que, quando surgia algo que não compreendia plenamente, ele pedia ao Senhor: “[Dá-me] paciência para esperar até que eu possa compreendê-lo”. Depois, ele continuava a orar até conseguir compreender.
                Precisamos aprender que, no plano do Senhor, nossa compreensão às vezes vem “linha sobre linha, preceito sobre preceito”. Em resumo, o conhecimento e a compreensão exigem paciência.
                Com frequência, os vales profundos de nosso presente serão compreendidos somente quando nos lembrarmos deles do alto das montanhas de nossa experiência futura. Muitas vezes, não podemos ver a mão do Senhor em nossa vida até muito depois de as provações terem passado. Geralmente, os momentos mais difíceis de nossa vida são elementos essenciais na formação do alicerce de nosso caráter e abrem o caminho para futuras oportunidades, compreensão e felicidade." (leia_aqui_todo_o_discurso)
                O desenvolvimento de atributos divinos só é possível quando colocamos os princípios e doutrinas do evangelho em prática. Um das maiores provas da vida é com certeza a incerteza! Precisamos vencer o medo, confiar em Deus, achar a luz e transformarmo-nos. A Vida Eterna é conhecimento (João 17:3). E a atitude de buscá-lo (buscar conhecimento) é digna e sempre recompensada - ainda que não imediatamente. O Espírito Santo pode nos mostrar a verdade de todas as coisas, mas só o fará se pagarmos o preço (Morôni 10:5-7). E quando pagamos esse preço nos assemelhamos a Cristo e podemos ter certeza de estar no caminho que leva a Exaltação.
                Passarei a explicar brevemente os cinco princípios (ou cinco camadas do filtro). Muito mais poderia ser dito sobre cada um. Se utilizados, poderão facilitar a revelação, porque quando nos esforçamos o Senhor cumpre sua promessa e nos revela a verdade (3 Néfi 27:29).

Filtro 1. Buscar Revelação pessoal e não confiar no braço da carne.
                Revelação é a comunicação sagrada de Deus com o homem. O Élder Dallin H. Oaks, do Quorum dos Doze Apóstolos disse: "A revelação é a comunicação de Deus aos homens. Pode ocorrer de muitas  maneiras diferentes. Alguns profetas, como Moisés e Joseph Smith, falaram com Deus face a face. Certas pessoas se comunicaram com anjos. Outras revelações têm vindo, como descreveu o élder James E. Talmage, "por meio dos sonhos ao dormir, ou em visões da mente de quem estava acordado."
                Nas suas formas mais conhecidas, a revelação, ou inspiração, vêm por meio de palavras ou pensamentos comunicados à mente (vide D&C 8:2-3; Enos 1:10), por ilucidação repentina  (vide D&C 6:14-15), através de sentimentos positivos ou negativos sobre uma ação proposta, e até através de desempenhos inspiradores como das belas artes. O Presidente Boyd K. Packer disse: "A inspiração nos vem mais por sentimento do que por audição." (Devocional da BYU 29 de setembro de 1981, leia_aqui)
                Quando falo em buscar significa empenhar-se, dedicar-se e pagar o preço necessário para se obter a revelação. Para alguns isso significa despojar-se de preconceitos, tradições, teorias, dogmas, hábitos e até pessoas. Significa também começar a fazer o bem, arrepender-se, fazer convênios com Deus, cumprir os mandamentos, etc.
                Para recebermos revelação precisamos ser humildes (D&C 112:10). E isso é o oposto de se confiar no braço da carne (Jeremias 17:5). Confiar no braço da carne é valorizar mais nos homens que em Deus. O "Senhor não vê como vê o homem " (I Samuel 16:7). "Porque os meus pensamentos não são os vossos pensamentos, nem os vossos caminhos os meus caminhos, diz o SENHOR. Porque assim como os céus são mais altos do que a terra, assim são os meus caminhos mais altos do que os vossos caminhos, e os meus pensamentos mais altos do que os vossos pensamentos." (Isaías 55:8-9).
               Devemos ter cuidado com opiniões e ideias isoladas e teorias de homens - mesmo de homens bons. Até os mais sábios podem errar.

Filtro 2. Compreender quem é Deus e quem somos nós.
                O Presidente Dieter F. Uchdorf ensinou que o conhecimento de quem somos e de quem Deus é fundamental."Esse conhecimento muda tudo. Muda seu presente. E pode mudar seu futuro. Pode mudar o mundo." (leia_aqui). Ele disse também, em outra ocasião: "Este é um paradoxo do homem: comparado com Deus, o homem não é nada; ainda assim, somos tudo para Deus. Embora comparados ao cenário da criação infinita possamos parecer nada, temos uma centelha do fogo eterno ardendo dentro de nosso peito. Temos a incompreensível promessa de exaltação — mundos sem fim — ao nosso alcance. E é o grande desejo de Deus ajudar-nos a alcançá-la." (leia_aqui)
                Essas citações mostram que Deus é grandioso, perfeito, compassivo, eterno, fiel, amoroso - e nós, ao contrário, somos pequenos, imperfeitos, fracos, finitos, infiéis e ingratos. "Porque todos tropeçamos em muitas coisas. Se alguém não tropeça em palavra, o tal é perfeito" (Tiago 3:2).
                Ao buscar revelação devemos buscar em Deus. Devemos compreender que "como vemos de maneira imperfeita na mortalidade, nem todas as coisas farão sentido agora. Na verdade, acho que se tudo fizesse sentido para nós, isso seria uma prova de que tudo fora inventado por uma mente mortal." (Presidente Dieter F. Uchdorf, leia_aqui).
                O Élder Jeffrey R. Holland falou a respeito da debilidade humana: "Consumimos uma quantia preciosa de recursos emocionais e espirituais ao nos atermos ferrenhamente à lembrança de uma nota desafinada que tocamos num recital de piano em nossa infância, ou a algo que um cônjuge disse ou fez há vinte anos, e que insistimos em jogar-lhe no rosto por mais vinte anos, ou a um incidente da história da Igreja que só prova que os mortais sempre terão dificuldade para corresponder às esperanças imortais colocadas diante deles. Mesmo que uma ofensa não tenha começado com vocês, ela pode terminar com vocês. E que grande recompensa haverá por essa contribuição, quando o Senhor da vinha olhar em seus olhos e acertar as contas no final de nosso dia terreno."
                O espírito de perdão, a fé e a dedicação, paciência e esperança são qualidades que nos ajudam a ver como Deus vê e a receber orientação em todas as coisas. Por exemplo, a questão polemica sobre o Casamento Plural - como Deus pode permitir que Abraão, Isaque, Moisés e Joseph Smith tivessem mais de uma esposa? A resposta, bem clara, esta em Doutrina e Convênios 132 - e nos mostra o quanto Deus é superior em conhecimento, poder e sabedoria.

Filtro 3. Focar na Expiação
                O Presidente Dieter F. Uchtdorf ensinou: "Mas isso pode tornar-se um problema para alguns, porque há tantas coisas que devemos fazer e tantas que não devemos fazer, que o simples ato de tê-las sempre em mente pode ser um desafio. Às vezes, ampliações bem intencionadas dos princípios divinos — muitas vezes provenientes de fontes não inspiradas — complicam ainda mais as coisas, diluindo a pureza da verdade divina com adendos criados pelo homem. Uma boa ideia que funciona bem para determinada pessoa pode criar raízes e se tornar uma expectativa e, gradualmente, os princípios eternos podem-se perder no labirinto das “boas ideias”.
                Essa foi uma das críticas do Salvador aos “versados” em religião de Sua época, a quem Ele repreendeu por se importarem com centenas de detalhes insignificantes da lei e negligenciarem as questões mais importantes.
                Assim sendo, como nos mantemos em conformidade com esses assuntos mais importantes? Será que existe uma bússola que nos ajude a estabelecer prioridades em nossa vida, em nossos pensamentos e nossas ações?
                Novamente, o próprio Salvador revelou o caminho. Quando lhe perguntaram qual era o maior de todos os mandamentos, Ele não hesitou: “Amarás o Senhor teu Deus de todo o teu coração, e de toda a tua alma, e de todo o teu pensamento”, disse Ele. “Este é o primeiro e grande mandamento.” Associando-se o primeiro ao segundo grande mandamento, que é amar ao próximo como a nós mesmos, temos uma bússola que nos mostra a direção a seguir, não só em nossa vida, mas também na Igreja do Senhor, em ambos os lados do véu.
                Uma vez que o amor é o grande mandamento, ele deve estar no centro de tudo e de todas as coisas que fazemos em nossa própria família, em nossos chamados da Igreja e em nosso trabalho. O amor é o bálsamo que cura as feridas nos relacionamentos pessoais e familiares. É o elo que une famílias, comunidades e nações. O amor é o poder que promove amizades, tolerância, civilidade e respeito. É a força que sobrepuja a discórdia e o ódio. O amor é o fogo que aquece nossa vida com alegria inigualável e esperança divina. O amor deve transparecer em nossas palavras e ações.
                Quando realmente compreendemos o que significa amar como Cristo nos amou, a confusão se dissipa e nossas prioridades ficam claras. Nossa jornada como discípulos de Cristo torna-se mais cheia de alegria. Nossa vida adquire novo significado. Nosso relacionamento com o Pai Celestial torna-se mais profundo. A obediência torna-se uma alegria em vez de um fardo." (leia_aqui_todo_o_discurso)
                A Expiação do Senhor é como uma lupa que nos faz enxergar a verdade onde quer que se encontre. Uma das maiores questões polemicas gira em torno do fato do sacerdócio ter sido estendido a todos os homens - independentemente de raça ou cor - apenas em 1978. Quando usamos a lente do amor de Deus percebemos que até mesmo as tragédias se tornam bênçãos. Muitos santos africanos se tornaram exemplos de um viver reto, mesmo sem as bênçãos plenas do evangelho - e criaram um legado inestimável para as gerações futuras.
                Essa visão faz com que até o Dilúvio se torne um ato de amor[2]. Até a morte de criancinhas se torna uma ato de amor - porque sabemos que elas são imediatamente salvas no reino de Deus devido a Expiação do Salvador (Morôni 8).

Filtro 4. Fazer perguntas, mas não duvidar
                O Presidente Dieter F. Uchtdorf aconselhou também: " Não tenham medo; façam perguntas. Sejam curiosos, mas não duvidem!" (leia_aqui). A dúvida é arma de Satanás que destrói a fé
                “O conhecimento afasta as trevas, o suspense e a dúvida, porque essas coisas não podem existir onde houver conhecimento. (...) Há poder no conhecimento. Deus tem mais poder do que todos os seres, porque Ele tem conhecimento maior; e portanto Ele sabe sujeitar todos os seres a Ele: Ele tem poder sobre todos.” (Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Joseph Smith, pg. 278)
                A fé e a dúvida não podem coexistir, porque uma repele a outra - esse é o ensinamento de vários profetas desde Joseph Smith até o Presidente atual da Igreja (leia aqui). De fato o presidente Monson aconselhou: “Lembrem-se de que a fé e a dúvida não podem coexistir na mente ao mesmo tempo, porque uma repele a outra. Se a dúvida vier bater à nossa porta, simplesmente digam àqueles pensamentos céticos, perturbadores e rebeldes: “Quero ficar com minha fé, com a fé do meu povo. Sei que nela há felicidade e contentamento, por isso proíbo vocês, pensamentos agnósticos e céticos, de destruírem a morada de minha fé. Reconheço que não compreendo o processo da criação, mas aceito sua realidade. Concordo que não posso explicar os milagres da Bíblia, tampouco me proponho a fazê-lo, mas aceito a palavra de Deus. Não conheci Joseph pessoalmente, mas creio nele. Não recebi minha fé por meio da ciência e não permitirei que a assim chamada ciência a destrua’”(Thomas S. Monson, “O Farol do Senhor”, New Era, fev. 2001, p. 9).
                Duvidar é questionar "refere-se a desafio, disputar ou procurar falhas. Quando se trata de religião, frequentemente o resultado dessa abordagem é não é encontrar respostas, mas sim condenar e destruir a confiança. (...) Então, sua atitude e sua motivação em fazer uma pergunta podem fazer toda a diferença em para onde ela vai, por fim, levá-lo. Por exemplo, se você estiver estudando as escrituras e se deparar com uma passagem que parece contradizer um ensinamento da igreja ou um fato científico ou histórico, há uma grande diferença entre perguntar “como as escrituras (ou a Igreja) podem ser verdadeiras se … ?” e perguntar “Qual é o contexto completo dessa passagem e qual o seu significado a luz de … ?” A primeira pergunta pode levá-lo a uma conclusão apressada elaborada com base no ceticismo e em dúvidas, em vez de em conhecimento real ou lógica, ao passo que a segunda mais provavelmente irá guiá-lo a maiores conhecimento e fé." (esse é um trecho de um ótimo artigo no site da Igreja para jovens sobre "O Que Fazer Quando Você Tiver Perguntas?" - para lê-lo na integra clique aqui).
                Na prática, se as questões polemicas nos fizerem perder a fé naquilo que sabemos - pondo em cheque nosso alicerce de fé - isso nos será por maldição em vez de bênção. E o que sabemos? Bem, posso dizer por mim mesmo que não sei muitas coisas. Sei com certeza, algumas - e baseando-me no que sei, passo acreditar em outras coisas. Até ter certeza dessas outras coisas, acredito nelas. Mas não duvido do que sei, porque sei! E essas são as coisas que sei, e que não duvido:

1o.    Eu sei que Deus, o Pai Celestial existe, me ama profundamente e quer meu bem-estar eterno.
2º.    Eu sei Jesus Cristo é o Salvador e Redentor do mundo - Ele é meu Senhor e Deus. Ele me concede força, paz, talento, santidade, fé e boas obras. Sei que seus mandamentos são para meu beneficio que se eu os seguir, receberei a graça divina e poderei viver com minha família eternamente, sendo ressuscitado e glorificado para o Reino Celestial.
3º.    Sei que o Espírito Santo é um ser real, que nos orienta, caso permitamos; e nos justifica, caso queiramos.
4º.    Também sei que Joseph Smith foi e é um profeta de Deus; e que o Livro de Mórmon é um outro testamento do Senhor Jesus Cristo.
5º.    Sei que o sacerdócio é o poder de Deus dado aos homens para salvação da humanidade, e quem em suas ordenanças se manifesta o poder da divindade.
6º.    Sei que o Templo é a Casa de Deus.
7º.    E por fim, sei que o Presidente Thomas S. Monson é um profeta, vidente e revelador para o mundo hoje.

                No princípio houve um questionamento sobre esses fundamentos, mas tão logo me foram revelados, passei a não mais duvidar (leia aqui).
                Imaginemos a questão polemica a respeito da maçonaria: Joseph Smith foi maçom? Como pode? Se deixarmos de lado nossa fé na Restauração e nos chamado divino do Profeta Joseph Smith, por causa de uma questão polemica que não compreendemos bem - estaremos trocando nossa primogenitura por um prato de lentilhas!
                Temos que ser pacientes e procurar adequar o que ouvimos e lemos com aquilo que sabemos.

Filtro 5. Estar disposto a guardar a revelação até que Deus autorize o ensino da verdade.
                O Guia Pregar Meu Evangelho ensina: "A revelação e as experiências espirituais são sagradas. Você deve mantê-las em sigilo e apenas falar sobre elas em situações adequadas. Como [membro da Igreja], você pode estar mais ciente das experiências espirituais do que estava antes em sua vida. Resista à tentação de falar abertamente a respeito dessas experiências." ("Reconhecer o Espírito", pg. 102)
                O Élder Boyd K. Packer aconselhou: “Aprendi que não temos muito frequentemente
experiências espirituais fortes e marcantes. E quando as temos, geralmente são para nossa
própria edificação, instrução ou correção. A menos que tenhamos sido chamados pela
devida autoridade para fazê-lo, elas não nos colocam em condição de aconselhar ou
corrigir as pessoas.
                Concluí também que não é sábio falar continuamente a respeito de experiências espirituais incomuns. Elas devem ser guardadas com carinho e só devem ser compartilhadas
quando o próprio Espírito inspirá-lo a usá-las para abençoar outras pessoas” (Ensign,
janeiro de 1983, p. 53)
                Muitas vezes as questões polemicas procuram dar respostas públicas e descompromissadas de coisas que devem permanecer sagradas e misteriosas. Devemos tomar cuidado. Quando nos for revelado algo, devemos lembrar dessas admoestações.

Conclusão.
                O Presidente Gordon B. Hinckley ensinou "Como Igreja, incentivamos o conhecimento do evangelho e a busca para compreender toda a verdade. É fundamental para nossa teologia a crença na liberdade individual de indagação, pensamento e expressão. O debate construtivo é um privilégio de todos os santos dos últimos dias.
                Mas a maior de todas as obrigações de todos os santos dos últimos dias é levar adiante a obra do Senhor, fortalecer seu Reino na Terra, ensinar a fé e edificar o testemunho do que Deus tem feito nesta dispensação da plenitude dos tempos" (“Manter a fé”, Ensign, Set. 1985, pp. 5–6).
                Todas as perguntas possuem uma resposta. Se buscarmos encontraremos no devido tempo. Essa é uma das promessas mais repetidas nas escrituras.
                Talvez seja útil ler também: O que fazer quando uma evidência indicar que a Igreja é falsa? (clique aqui).



[1] "As doutrinas profundas sempre causam contendas e divergências de opiniões (Helamã 11:22-23). [Elas são diferentes dos] mistérios de Deus [os quais sempre] emanam, como o nome sugere, de Deus. Mas as doutrinas profundas são quase sempre meias-verdades – escrituras puras corrompidas com filosofias de homens. A doutrina profunda é motivada por Satanás, porque causa erro (3 Néfi 11:28-29). É uma das ferramentas de quem pratica artimanha sacerdotal (2 Néfi 26:29)." (leia_mais_aqui).
[2] O Presidente John Taylor ensinou: “Deus destruiu os iníquos daquela geração com um dilúvio. Por que Ele os destruiu? Ele os destruiu para o próprio benefício deles, se é que podem compreender isso”. (Journal of Discourses, 24:291)

12 de set. de 2012

A Árvore da Vida


               Quando Deus criou a Terra, plantou um Jardim à oriente do Éden para que o homem e a mulher desfrutassem do privilégio de sua presença por um tempo. Neste Jardim animais de todo tipo foram trazidos a Adão e ele os nomeou (Gênesis 2:20). Também havia todo tipo de vegetação, pelo qual deduzimos que Adão também as denominou. Duas árvores especiais foram colocadas no Jardim. Deus chamou uma de árvore do conhecimento do bem e do mal, e outra de árvore da vida (Gênesis 2:8-9). Leí ensinou que às duas árvores eram vitais para que o homem exercesse arbítrio e iniciasse a mortalidade (2 Néfi 2:15-16). A árvore da vida, como o próprio nome sugere concedia imortalidade. E a árvore do conhecimento do bem e do mal possuía um fruto proibido, que se comido, transformaria os corpos vivificados pelo espírito em corpos mortais, de sangue. Adão e Eva podiam comer livremente da árvore da vida, mas não podiam comer da Árvore do bem e do mal. Eles desobedeceram a Deus e se tornaram mortais. Se comessem do fruto da árvore da vida na ocasião de sua transgressão se tornariam imortais, mas impuros - e seriam afastados para sempre da presença de Deus, sem possibilidade de redenção. É por isso que Deus colocou querubins e uma espada flamejante para impedir que Adão e Eva estendessem a mão e vivessem para sempre em seus pecados. Foi concedido um tempo de arrependimento. Quando o homem estivesse pronto, poderia provar do fruto da Árvore da Vida e desfrutar, com um corpo imortal, da presença de Deus (Alma 42:5, 8 - a leitura do capítulo todo é fortemente recomendada).
                Quando Leí teve uma visão do Plano de Salvação viu uma árvore a qual Néfi chamou de Árvore da Vida (1 Néfi 15:36). Essa Árvore possuía frutos brancos e deliciosos que enchiam o corpo e o espírito de alegria intensa (1 Néfi 8:11-12). Néfi, que teve a mesma visão que Leí (seu pai), aprendeu que o significado dessa árvore era o amor de Deus (1 Néfi 11:21-22, 25). A Árvore da Vida portanto é símbolo da Expiação de Jesus Cristo.
                Assim, a Árvore da Vida representa a santificação advinda do poder do Salvador, porque é pelo sangue de Cristo que somos santificados (Moisés 6:60). Essa santificação elimina a culpa e a dor, enche a alma de alegria e salva e exalta os filhos de Deus (Helamã 3:35). É possível, porém, que aqueles que provaram desse fruto se envergonhem de Cristo e caiam da graça e apertem-se do Deus vivo, por caminhos desconhecidos (1 Néfi 8:28, 33).
                Por todas essas considerações verificamos que só comemos o fruto da árvore da vida quando vencemos. E só vencemos depois de ter percorrido o caminho estreito e apertado, no meio da névoa de escuridão (1 Néfi 8:23-24, 30). Comer o fruto é receber a palavra mais segura de profecia - que é ter a exaltação confirmada (D&C 131:5). Como a barra de ferro é a palavra de Deus (1 Néfi 11:25) e o caminho estreito e apertado são os convênios e ordenanças[1], nosso empenho em agarrar com firmeza a barra de ferro e caminhar com resolução nos conduz tão somente ao chamado e eleição (GEE "Vocação e Eleição"). Isso deixa claro o que João quis dizer em Apocalipse 2:7: "Quem tem ouvidos, ouça o que o Espírito diz às igrejas: Ao que vencer, dar-lhe-ei a comer da árvore da vida, que está no meio do paraíso de Deus."



[1] O caminho estreito e apertado é o casamento, disse o Presidente Harold B. Lee (Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Harold B. Lee, pg. 111). Antes do casamento no Templo, entretanto, há outros convênios e ordenanças. O primeiro é o batismo. Por isso chamamos o batismos de primeiro convênio ou a porta (2 Néfi 31:17). Podemos resumir os requisitos para salvação, que formam o caminho estreito e apertado, da seguinte maneira: (1) fé em Jesus Cristo e (2) arrependimento, (3) batismo, (4) recebimento do dom do Espírito Santo (batismo de fogo) e perseverança até o fim. Perseverar até o fim é (5) receber o sacerdócio (somente os homens), (6) casar-se no Templo e (7) continuar a guardar os mandamentos até que o Senhor nos justifique, santifique e nos sele para exaltação. O casamento sem a perseverança é vão, pois o Santo Espírito da Promessa retirará o selo aprovador e não haverá validade por conta da iniquidade.

5 de set. de 2012

Anjos do Diabo


               Satanás e um terço dos espíritos que eram filhos de Deus e nasceriam nesta Terra foram expulsos, por cometerem o pecado imperdoável. Eles tornaram-se Filhos da Perdição. Neste Segundo Estado, os homens que pecarem para morte também se tornam filhos da Perdição. Vemos alguns casos nas escrituras. Por exemplo, Caim recebeu o título de Perdição e foi expulso para sempre (Moisés 5).
                Nas obras-padrão, espíritos imundos (espíritos malignos) e demônios são termos sinônimos. Significam a mesma coisa: "E expulsará demônios, ou seja, os espíritos malignos que habitam nos corações dos filhos dos homens." (Mosias 3:6).  Excepcionalmente, porém, apresentam-se distintos. Alguns poderão entender que quando essa distinção é apontada trata-se de mera retórica. Outros que "espíritos imundos referem-se a sentimentos e desejos negativos e pecaminosos. Todavia, não penso assim, e não me parece ser isso que as escrituras ensinam.
               O Livro de Mórmon ensina que há "demônios" e "espíritos imundos" (1 Néfi 11:31, 3 Néfi 7:19). Sugiro que os demônios se referem a Satanás e os espíritos pré-mortais que não receberam um corpo físico; e que os espíritos imundos indiquem os homens que, ao decaírem da graça durante e provação mortal, vão para o inferno e tornam-se servos do diabo.
               Assim, os anjos do diabo são: (1) os espíritos pré-mortais que nunca tiveram um corpo físico (demônios); (2) os homens que, enquanto na vida mortal, adquirem luz e conhecimento divinos, mas depois crucificam Cristo em seu coração - e tornado-se servos do diabo (iníquos que morrem espiritualmente); (3) àqueles que ao morrerem, permanecem do lado do diabo no mundo espiritual (espíritos imundos).
                Sabemos que o diabo tem poder sobre os elementos decaídos desta Terra (por exemplo: Moisés 1:21 - Satanás faz a terra tremer), e que pode aparecer como "anjo de luz" (II Coríntios 11:14, 2 Néfi 9:9). O Élder James E. Faust disse: " Satanás é o grande imitador, o grande enganador, o mestre da mentira, o maior falsificador da história do mundo. Ele entra em nossa vida como o ladrão no meio da noite. Seu disfarce é tão perfeito que fica difícil reconhecê-lo ou reconhecer seus métodos. Ele é um lobo em pele de cordeiro." ("A Garganta do Diabo", A Liahona, Maio de 2003, pg. 51).
                É por isso que o Senhor nos deu algumas chaves para identificar o diabo (ver D&C 129). Temos que vigiar orar para não cair em tentação (Mateus 26:41) - para vencer Satanás e seus servos que apoiam seu trabalho perverso (D&C 10:5). "Temos que lutar (...) contra os principados, contra as potestades, contra os príncipes das trevas deste século, contra as hostes espirituais da maldade, nos lugares celestiais." (Efésios 6:12). Será, porém, apenas no último dia, que Miguel e suas hostes vencerão terminantemente o diabo e seus seguidores (D&C 88:113-115). O que não significa que não podemos, agora mesmo, sujeitar-nos, pois, a Deus, e resistir ao diabo, pois assim ele fugirá de nós (Tiago 4:7).