15 de jan. de 2013

O PODER DO MAL - PARTE 3


Satanás e o corpo físico
Satanás e seus seguidores não possuem um corpo físico, porque não foram achados dignos de adentrar o Segundo Estado. Sem um corpo eles são limitados.
Joseph Smith explicou a bênção de se ter um corpo físico e também a relação de Satanás com os corpos de carne, ossos e sangue:
"O desígnio de Deus antes da fundação do mundo era que deveríamos receber um tabernáculo [corpo], que por meio da fidelidade deveríamos vencer, e assim obter a ressurreição dos mortos, recebendo, desse modo, glória, honra, poder e domínio.
"Viemos a este mundo com o objetivo de obter um corpo e poder apresentá-lo puro diante de Deus no reino celestial. O grande plano de felicidade consiste em ter um corpo. O diabo não tem corpo, e esse é seu castigo. Ele fica contente quando pode obter o tabernáculo de um homem e, quando foi expulso pelo Salvador, pediu para entrar numa manada de porcos, mostrando que preferia o corpo de um suíno a não ter corpo algum. Todos os seres com corpos possuem domínio sobre os que não os têm.” (Ensinamentos dos Presidentes da Igreja: Joseph Smith, pg. 220).
Satanás e seus seguidores, dês do inicio do mundo ficam "contentes" quando temporariamente podem usurpar os corpos daqueles que aceitaram o Salvador na pré-mortalidade. Isso somente acontece quando deixamo-nos subjulgar, pois como o Profeta ensinou “Os espíritos maus têm limites e leis que os governem”. (History of the Church, 4:576).
Há muitos relatos nas escrituras e na história da Igreja de pessoas que foram endemoniadas (Mateus 8:16, 9:32-33, 17:18; Marcos 1:35, 7:29-30; Lucas 4:32-35, etc). As escrituras relevam que Satanás exerce poder sobre nosso corpo quando  temos o espírito de discórdia e contenda, quando pecamos, quando nos rebelamos contra Deus ou, em outras palavras, quando nos inclinamos a obedecer ao diabo (Mosias 2:32-33, 37).
É considerado o "primeiro milagre" da Igreja restaurada a expulsão de um demônio por Joseph Smith:
                "No final de abril, Joseph Smith visitou Joseph Knight Sênior, em Colesville. Joseph relatou: “O Sr. Knight e sua família mostraram interesse em discutir assuntos religiosos comigo e foram sempre cordiais e hospitaleiros. Realizamos várias reuniões na vizinhança com vários amigos e alguns inimigos, e muitos começaram a orar fervorosamente ao Todo-Poderoso, pedindo sabedoria para compreenderem a verdade”.
Uma das pessoas que sempre esteve presente às reuniões foi Newel Knight, grande amigo do Profeta. Newel Knight tinha receio de orar, mas acabou aceitando o persuasivo desafio do Profeta de orar na reunião seguinte. Quando chegou o momento, Newel pediu para ser dispensado, prometendo que iria orar mais tarde em particular. Na manhã seguinte, foi a um bosque e tentou orar, mas não conseguiu, porque sentia-se culpado por não ter aceitado orar em público. O Profeta disse que Newel começou a sentir-se mal “e continuou a sentir-se cada vez pior, tanto mental quanto fisicamente, até que ao chegar a sua casa, sua expressão deixou a esposa muito preocupada. Ele pediu que ela fosse chamar-me. Fui até lá e vi que ele estava sofrendo muito, e seu corpo executava movimentos muito estranhos; o rosto e os membros contorciam-se de todas as maneiras possíveis; por fim, seu corpo foi erguido do chão da sala e arremessado de um lado para o outro, de modo extremamente assustador”.
Os vizinhos e parentes reuniram-se para ver o que estava acontecendo. Joseph conseguiu a muito custo agarrar a mão do amigo. Newel disse que sabia estar possuído pelo diabo e que Joseph tinha poder para expulsá-lo.
Por meio de sua fé e a de Newel, Joseph ordenou, em nome de Jesus Cristo, que o diabo fosse embora. “Newel imediatamente declarou ter visto o diabo sair dele e desaparecer. Esse foi o primeiro milagre realizado na Igreja e não foi realizado pelo homem nem pelo poder do homem, mas por Deus e pelo poder da divindade”. A expressão do rosto de Newel Knight voltou ao normal e seu corpo relaxou.
“O Espírito do Senhor desceu sobre ele, revelando-lhe visões da eternidade.” Por estar bastante debilitado, ele foi colocado no leito, mas disse sentir-se “atraído para o alto, permanecendo por algum tempo em estado de contemplação, não tomando consciência do que se passava no quarto”. Nesse estado, seu corpo foi elevado até Newel tocar o teto.
Muitas das pessoas que testemunharam esses acontecimentos ficaram convencidas do poder de Deus e posteriormente filiaram-se à Igreja. Joseph voltou em seguida a Fayette. Algumas semanas mais tarde, Newel Knight viajou até Fayette e foi batizado por David Whitmer.
Uma vez Satanás e seus seguidores se apossando de alguém apenas os portadores do sacerdócio de Melquisedeque poderão de expulsar esses demônios. Vemos que muitos religiosos que não possuem o sacerdócio real dizem expulsar demonios. Entretanto, isso não é verdade. Satanás é o mestre do engano e produz um verdadeiro "show" para iludir os filhos de Deus. As escrituras deixam claro que somente aqueles que possuem o poder de Deus, que é o Sacerdócio de Melquisedeque podem ordenar ao diabo e a seus seguidores que saiam.
"E Deus pelas mãos de Paulo fazia maravilhas extraordinárias. De sorte que até os lenços e aventais se levavam do seu corpo aos enfermos, e as enfermidades fugiam deles, e os espíritos malignos saíam. E alguns dos exorcistas judeus ambulantes tentavam invocar o nome do Senhor Jesus sobre os que tinham espíritos malignos, dizendo: Esconjuro-vos por Jesus a quem Paulo prega. E os que faziam isto eram sete filhos de Ceva, judeu, principal dos sacerdotes. Respondendo, porém, o espírito maligno, disse: Conheço a Jesus, e bem sei quem é Paulo; mas vós quem sois? E, saltando neles o homem que tinha o espírito maligno, e assenhoreando-se de todos, pôde mais do que eles; de tal maneira que, nus e feridos, fugiram daquela casa. E foi isto notório a todos os que habitavam em Éfeso, tanto judeus como gregos; e caiu temor sobre todos eles, e o nome do Senhor Jesus era engrandecido." (Atos 19:11-17)
Presidente Joseph Fielding Smith ensinou que muitas manifestações provêm de Satanás: "Desde a queda do homem até agora, Satanás e seus seguidores que foram expulsos dos céus, têm enganado os homens. Hoje em dia, como no princípio, Lúcifer está dizendo: 'Eu também sou um filho de Deus (...) acreditem ou não', e a humanidade atual não crê, pela mesma razão que se recusou a acreditar no princípio. 'Alguns mandamentos são dos homens', informou o Salvador a Joseph Smith (D&C. 46:7) (...) Há mandamentos que são de diabos, os quais se manifestam amplamente através das atividades dos homens (...) Estes falsos espíritos se apresentam de várias maneiras em todas as comunidades. Algumas das formas mais surpreendentes e comuns de falsas manifestações encontram-se nos falsos dons de línguas, e nas reuniões religiosas, principalmente entre algumas seitas, em que os adoradores caem em transe, gritam, cantam e oram de maneira desordenada, às vezes pondo espuma pela boca e contorcendo-se de maneira anormal" (Church History and Modem Revelation, vol. I, p. 200)
Os portadores do sacerdócio não buscam essas experiências. Mas devem estar preparados para elas. Em Doutrina e Convênios lemos:
"Portanto acontecerá que, se virdes manifestado um espírito que não podeis compreender e não conhecerdes esse espírito, perguntareis ao Pai em nome de Jesus; e se ele não vos der a conhecer, então sabereis que não é de Deus. E ser-vos-á dado poder sobre esse espírito; e proclamareis contra esse espírito, em alta voz, que ele não é de Deus — Não com acusações injuriosas, para que não sejais vencidos, nem com jactância ou regozijo, para que não sejais por ele apanhados. Aquele que recebe de Deus, reconheça que é de Deus; e que se regozije por Deus considerá-lo digno de receber. E dando ouvidos e fazendo essas coisas que recebestes e que mais adiante recebereis — e o reino vos é dado pelo Pai, assim como o poder para vencer todas as coisas que não são por ele ordenadas" (D&C 50:31-35).
Outras passagem acrescentam mais informações. Todavia, essa ordenança deve ser aprendida especialmente por revelação. Além disso, o Senhor nunca deixará seus filhos desamparados. O Presidente James E. Faust certa vez testificou que há “um grande escudo contra o poder de Satanás e seus anjos”(“Servir ao Senhor e Resistir ao Diabo”, A Liahona, novembro de 1995, p. 10). Esses escudo é a fé em Deus, a retidão e o sacerdócio.
Um dos mais notáveis confrontos se deu entre Moisés e Satanás. Eis o incrível relato:
"(...) Eis que Satanás veio tentá-lo, dizendo: Moisés, filho de homem, adora-me. E aconteceu que Moisés olhou para Satanás e disse: Quem és tu? Pois eis que sou um filho de Deus, à semelhança de seu Unigênito; e onde está tua glória, para que te adore? Pois eis que eu não poderia olhar para Deus, a não ser que sua glória estivesse sobre mim e eu fosse transfigurado perante ele. Mas posso olhar para ti como homem natural. Não é certamente assim? Bendito seja o nome de meu Deus, pois seu espírito não se apartou completamente de mim; por outro lado, onde está tua glória, porque para mim é treva? E posso discernir entre ti e Deus; pois Deus disse-me: Adora a Deus, porque só a ele servirás. Vai-te, Satanás, não me enganes; pois Deus me disse: Tu és à semelhança de meu Unigênito. E ele também me deu mandamentos quando me chamou, da sarça ardente, dizendo: Invoca a Deus em nome de meu Unigênito e adora-me.
  E também Moisés disse: Não cessarei de invocar a Deus, porque tenho outras coisas a perguntar-lhe, pois sua glória tem estado sobre mim; portanto posso discernir entre ele e ti. Retira-te daqui, Satanás.
E então, quando Moisés pronunciou essas palavras, Satanás clamou com alta voz e bramou sobre a terra e ordenou, dizendo: Eu sou o Unigênito; adora-me. E aconteceu que Moisés começou a temer muito; e ao começar a temer, viu a amargura do inferno. Não obstante, clamando a Deus recebeu forças e ordenou, dizendo: Retira-te de mim, Satanás, porque somente a este único Deus adorarei, o qual é o Deus de glória.
E então Satanás começou a tremer e a terra estremeceu; e Moisés recebeu forças e invocou a Deus, dizendo: Em nome do Unigênito, retira-te daqui, Satanás.
E aconteceu que Satanás clamou com alta voz, com choro e pranto e ranger de dentes; e dali se retirou, sim, da presença de Moisés, de modo que ele não mais o viu. E Moisés prestou testemunho disso; mas por causa de iniquidade, isso não se encontra entre os filhos dos homens." (Moisés 1:12-23)
Com esses versículos aprendemos que Satanás procura destruir-nos, mesmo depois de termos tido revelações e experiências espirituais. Nem os profetas são poupados de seu esforço (nem mesmo o Salvador o foi!). Aprendemos que Satanás pode aparecer diante de nós, mas que não tem glória - e não precisamos ser transfigurados ao contempla-lo. Aprendemos que quando oramos recebemos forças para vencer Satanás. Aprendemos que apenas quando Moisés usou seu sacerdócio, em nome de Cristo é que Satanás foi obrigado a se retirar. Aprendemos sobre o desejo do inimigo e sobre seu poder sobre os elementos desta terra decaída.

Mundo Espiritual e Milênio
Os profetas dos últimos dias esclareceram que quando os justos morrem seus espíritos vão ao paraíso - e lá Satanás não exerce poder.
O Presidente Brigham Young ensinou: "Se formos fiéis a nossa religião, quando formos para o mundo espiritual, os espíritos decaídos—Lúcifer, a terça parte das hostes do céu que com ele foi expulsa e os espíritos dos homens iníquos que habitaram na Terra—todos juntos não terão qualquer influência sobre nosso espírito. Não é essa uma vantagem? Sim. Todos os demais filhos dos homens estarão, em maior ou menor grau, sujeitos a eles, da mesma forma que estiveram quando estavam na carne. (DBY, p. 379)
Neste mundo [os fiéis] serão confundidos e perseguidos por Satanás; mas quando formos para o mundo espiritual seremos superiores a seu poder, e ele não mais conseguirá afligir-nos, e isso é tudo que me importa saber. (DNW, 1º de outubro de 1856, p. 3.)"
Quando o Milênio se iniciar (GEE "Milênio"), Satanás será “amarrado, para que não tenha lugar no coração dos filhos dos homens”. (D&C 45:55; ver também Apocalipse 20:1–3). O Presidente Joseph Fielding Smith ensinou que ele será literalmente preso, de modo que será impedido pro mil anos de tentar os homens. Depois dos mil anos ele será solto e haverá a última batalha. O Presidente George Q. Cannon, quando servia como conselheiro na Primeira Presidência, ensinou: “Dizemos que Satanás será atado. Satanás será amarrado pelo poder de Deus; mas ele será impedido de agir também devido à determinação do povo de Deus de não ouvir a ele, de não ser governado por ele”. (Gospel Truth: Discourses and Writings of President George Q. Cannon, sel. por Jerreld L. Newquist, 2 vols. [1957-–1974], 1:86)
Volto a citar o Presidente Joseph Fielding Smith: "Existem muitos ensinando que o adversário será amarrado simplesmente em virtude das ligaduras que os habitantes da terra lhe imporão, recusando-se a ceder às suas insinuações. Essa é uma ideia errônea. Naquele período de tempo, ele não terá o privilégio de tentar qualquer um de nós. (D&C 101:28.)" (Church History and Modem Revelation, voI. I, p. 192.)
"À primeira vista, estas duas declarações parecem contraditórias, mas é um engano. É verdade que, em virtude da retidão dos santos, Satanás não terá poder algum sobre eles. As restrições que serão impostas ao adversário, resultarão de duas medidas importantes tomadas pelo Senhor: (1) ele destruirá a iniquidade telestial da terra por ocasião da segunda vinda e (2) recompensando os santos por atenderem a seus conselhos, o Senhor derramará de tal maneira o seu Espírito sobre os justos que permanecerem, que o poder de Satanás será anulado. Desse modo, Satanás não terá o poder de tentar, nem de influenciar negativamente o povo do Senhor. Para amarrar Satanás, é necessária a retidão dos santos e a ação do poder do Senhor: se eles não atenderem à palavra de Deus, o Senhor não lhes conferirá seu Espírito, e sem a influência do Senhor, os santos, por si mesmos, não poderão resistir à força do adversário." (Manual do Instituto do Aluno de Doutrina e Convênios, pg. 89)

Podemos discernir o que é de Deus é o que é do diabo. Podemos ter forças para resistir ao diabo. As escrituras revelam como fazemos isso. Que possamos estar preparados para vencê-lo dia após dia, até que o Senhor diga que nosso trabalho esta concluído.

8 de jan. de 2013

O PODER DO MAL - parte 2


O poder do diabo no Segundo Estado
A vida nesta Terra é um tempo de provação (Abraão 3:25). Provação  para aqueles 2/3 que escolheram seguir o Salvador Jesus Cristo. Os outros (1/3) - que escolheram Lúcifer nunca terão direito a um tempo de provação, e consequentemente não receberão um corpo físico - mas permanecerão para sempre com seus corpos de espírito. Isso por si só já os limita. Sim, seu poder se limita, pois há muitas coisas que não se pode fazer sem um corpo.
O Élder David A. Bednar explicou: "Satanás não tem um corpo, e seu progresso eterno foi interrompido. Assim como a água que flui no leito de um rio é contida por uma represa, o progresso eterno do adversário foi interrompido por ele não ter um corpo físico. Devido a sua rebelião, Lúcifer negou a si mesmo todas as bênçãos e experiências mortais que são possíveis graças a um tabernáculo de carne e ossos. Ele não pode aprender as lições que só um espírito com corpo é capaz de aprender. Ele não pode se casar nem desfrutar as bênçãos da procriação e da vida em família. Não pode vivenciar a realidade da ressurreição literal e universal de toda a humanidade. Um dos mais fortes significados da palavra condenado, conforme aparece nas escrituras, evidencia-se por essa incapacidade de continuar a desenvolver-se e de tornar-se semelhante ao Pai Celestial.
Uma vez que o corpo físico é um elemento tão importante no plano de felicidade do Pai e em nosso desenvolvimento espiritual, não admira que Lúcifer procure frustrar nosso progresso tentando-nos a usar nosso corpo de modo impróprio. Uma das maiores ironias da eternidade é a de que o adversário, que é miserável justamente por não ter um corpo físico, procure seduzir-nos e tentar-nos a partilhar de sua miséria utilizando nosso corpo de modo impróprio. A própria ferramenta que ele não tem e não pode usar torna-se, assim, o alvo principal de seu empenho em levar-nos à destruição física e espiritual." (As coisas como realmente são, Serão do SEI - BYU, 3 de Maio de 2009, clique aqui para ler o serão completo).
O poder de Satanás se manifestou primeiramente no Éden. As escrituras relatam que Satanás é a "antiga serpente"(D&C 76:28, Apocalipse 12:9, 20:2). Em Gênesis e Moisés lemos que Satanás tentou Adão e Eva para que comessem do fruto que Deus lhes havia proibido. Satanás usou uma meia verdade para enganar Eva. Ele disse que se comessem do fruto proibido, Adão e Eva seriam como Deus, conhecendo o bem e o mal - isso era verdade. A mentira, entretanto, era a de que não morreriam. Adão e Eva comeram do fruto da árvore do Conhecimento do Bem e do Mal, transgredindo expressamente um mandamento de Deus. A tragédia do Éden, entretanto, se tronou uma das maiores bênçãos de todas - para o desgosto do Inimigo. Graças a Queda, a vida mortal se tornou possível, e a Provação se iniciou. Sem a Queda, não haveria necessidade de uma Expiação. e Sem a expiação não há ressurreição e Vida Eterna. Satanás, em vez de atrapalhar, adiantou os propósitos do Criador (GEE "Queda", ver também http://lucasmormon.blogspot.com.br/2012/02/mandamento-em-conflito-no-jardim.html)
Deus amaldiçoou o diabo, dizendo: "Por teres feito isso, maldita serás sobre todo gado e toda besta do campo; sobre teu ventre andarás e pó comerás todos os dias de tua vida; E porei inimizade entre ti e a mulher, entre tua semente e a semente dela; e ele ferirá tua cabeça e tu lhe ferirás o calcanhar." (Moisés 4:20-21). A semente do diabo, que são seus seguidores, e a da Mulher, que é Cristo, são inimigas. Paulo disse: "E que concórdia há entre Cristo e Belial?" (II Coríntios 6:15). E mais tarde, Tiago: "não sabeis que a amizade do mundo é inimizade contra Deus? Portanto qualquer que quiser ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus" (Tiago 4:4). Assim Satanás tornou-se o mestre do mal e das trevas - o opositor de Cristo. As características do demônio são totalmente antagônicas a de Cristo - de modo que não podemos confundir ambos. E nem podemos servir aos dois senhores ao mesmo tempo - porque ou odiaremos a um e amaremos ao outro, ou nos dedicaremos a um e desprezaremos o outro - não podemos servir a Deus e a Diabo simultaneamente! (Mateus 6:34)
É claro que Satanás ficou irado ao ver que não atrapalhara em nem mesmo minimamente o Plano de Deus, e por isso jurou, em sua ira, destruir os homens - arrastando-os para o inferno.
Vemos que ele obteve sucesso logo no inicio do mundo, pois enganou Caim, para que assassinasse Abel, seu irmão. Caim se tronou Perdição - recebendo o mesmo título de Satanás - porque para ambos não há qualquer esperança de redenção (Moisés 5:21-41).
A fúria do diabo não cessou. Ele obteve sucesso usando suas táticas demoníacas, de modo que toda humanidade se tornou corrupta, exceto oito almas. O Senhor precisou enviar um dilúvio para purificar o mundo (GEE "Dilúvio").
Depois que o planeta começou a ser povoado outra vez, Satanás instigou os homens novamente. Em Helamã lemos que "foi também esse mesmo ser [Satanás] que pôs no coração do povo a ideia de construir uma torre tão alta que alcançasse o céu. E foi esse mesmo ser que enganou o povo que veio daquela torre para esta terra [os jareditas]; que espalhou obras de trevas e abominações por toda a face da terra até arrastar este povo à mais completa destruição e ao inferno sem fim. Sim, o mesmo ser que inculcou no coração de Gadiânton a continuação de obras tenebrosas e assassinatos secretos [entre os nefitas]; e tem-nas propagado desde o princípio do homem até agora. E eis que é ele [Satanás] o autor de todo pecado. E eis que leva avante suas obras de trevas e assassinatos secretos; e transmite suas conspirações e seus juramentos e seus convênios e seus planos de terrível iniquidade, de geração em geração, à medida que consegue apoderar-se do coração dos filhos dos homens." (Helamã 6:28-30).
Enoque teve uma visão extraordinária. Ele viu que "o poder de Satanás estava sobre toda a face da Terra. E ele viu anjos descendo do céu; e ouviu uma alta voz, dizendo: Ai, ai dos habitantes da Terra. E ele viu Satanás; e tinha uma grande corrente na mão, que cobria de trevas toda a face da Terra; e ele olhou para cima e riu; e seus anjos rejubilaram-se. E Enoque viu anjos que desciam do céu, prestando testemunho do Pai e do Filho; e o Espírito Santo desceu sobre muitos". Todavia, Enoque viu "que o Deus do céu olhou o restante do povo e chorou". O Senhor explicou que chorava porque os pecados de seus filhos lhes condenaria e "Satanás será seu pai e angústia, seu destino; e todo o céu chorará sobre eles, sim, toda a obra de minhas mãos; portanto não deverão os céus chorar, vendo que eles sofrerão?" (Moisés 7:25-37).
Essa parte da visão de Enoque se refere especificamente à época que antecedeu o Dilúvio. Entretanto, como os profetas modernos dizem, vivemos em um tempo de iniquidade comparável aos dias de Noé. Satanás tem "poder sobre seu próprio domínio" (D&C 1:35). E por isso, hoje, podemos saber que Deus esta chorando, e o diabo rindo. Mas tal situação é temporário, pois vira o dia em que Satanás será amarado e, depois, expulso para sempre.

Táticas do Diabo em espécie
Satanás é um ser ardiloso. As escrituras dizem que seu plano é astuto (2 Néfi 9:28). Seu plano! Satanás tem um plano. Ele é um ser inteligente e com muita experiência. Ele é calculista, meticuloso e capcioso. Ele usa de "táticas"para destruir os homens. As escrituras chama essas táticas de "ardis do diabo" (Alma 11:21). Falarei brevemente sobre elas.
                O Presidente Thomas S. Monson declarou:
                "Estamos cercados — às vezes somos até bombardeados — por mensagens do adversário. Ouçam algumas delas, que sem dúvida lhes soarão familiares: “Só desta vez não vai fazer mal”. “Não se preocupe, ninguém vai saber”. “Você pode parar de fumar ou de beber, ou de tomar drogas quando quiser”. “Todo mundo faz isso, portanto não pode ser tão ruim assim”. As mentiras são infindáveis.
                Embora em nossa jornada encontremos bifurcações e retornos ao longo da estrada, simplesmente não podemos nos dar ao luxo de enveredar por um desvio do qual talvez jamais consigamos voltar. Lúcifer, como o astuto flautista [de Hamelin], toca sua alegre melodia e atrai os incautos para longe da segurança do caminho escolhido, para longe dos conselhos de pais amorosos, para longe da segurança dos ensinamentos de Deus. Ele busca não apenas a assim chamada escória da humanidade, ele busca todos nós, inclusive os próprios eleitos de Deus. O rei Davi ouviu, vacilou e, depois, seguiu e caiu. O mesmo fez Caim, em uma época anterior, e Judas Iscariotes, em uma era posterior. Os métodos de Lúcifer são ardilosos, e suas vítimas, numerosas." (http://www.lds.org/general-conference/2010/10/the-three-rs-of-choice?lang=por&media=video)
Néfi concede-nos um rol exemplificativo muito útil para nosso dias:
"Pois eis que nesse dia ele [o diabo] se enfurecerá nos corações dos filhos dos homens e incitá-los-á a se irarem contra o que é bom. E a outros pacificará e acalentará com segurança carnal, de modo que dirão: Tudo vai bem em Sião; sim, Sião prospera. Tudo vai bem - e assim o diabo engana suas almas e os conduz cuidadosamente ao inferno. E eis que a outros ele lisonjeia, dizendo-lhes que não há inferno; e diz: Eu não sou o diabo, porque ele não existe - e assim sussurra-lhes aos ouvidos até agarrá-los com suas terríveis correntes, das quais não há libertação. Sim, são agarrados pela morte e pelo inferno; e a morte e o inferno e o diabo e todos os que assim foram dominados deverão apresentar-se diante do trono de Deus e serem julgados de acordo com suas obras; daí deverão ir para o lugar preparado para eles, um lago de fogo e enxofre que é tormento sem fim. Portanto, ai do que repousa em Sião! Ai do que clama: Tudo vai bem! Sim, ai do que dá ouvidos aos preceitos dos homens e nega o poder de Deus e o dom do Espírito Santo! Sim, ai do que diz: Recebemos e não necessitamos mais!
E por fim, ai de todos os que tremem e estão irados por causa da verdade de Deus! Pois eis que o que está edificado sobre a rocha recebe-a com júbilo; e o que está edificado sobre um fundamento de areia treme de medo de cair. (...)
Maldito é aquele que confia no homem ou faz de carne o seu braço ou dá ouvidos aos preceitos dos homens, a menos que seus preceitos sejam dados pelo poder do Espírito Santo." (2 Néfi 28:21-29, 31)
O diabo enfurece alguns. O Presidente Thomas S. Monson contou a pouco tempo: "Recentemente, quando eu assistia ao noticiário na televisão, percebi que muitas das principais matérias eram de natureza semelhante, pois contavam tragédias que, basicamente, tinham raízes em uma única emoção: a raiva. O pai de um bebê foi preso por maltratar a criança. Afirmava-se que o choro do bebê tinha enfurecido o pai a tal ponto que ele quebrou um dos membros e várias costelas da criança. Foram alarmantes as notícias do aumento da violência das gangues e do aumento acentuado dos assassinatos praticados por elas. Outra notícia daquela noite foi sobre uma mulher baleada pelo marido, de quem estava separada e que teve um ataque de ciúme e fúria ao encontrá-la com outro homem. E, naturalmente não faltaram as habituais coberturas de guerras e conflitos no mundo inteiro." Depois ele ensinou: "Enfurecer-se é ceder à influência de Satanás. (...) A raiva é instrumento de Satanás e é destrutiva de muitas formas." Por fim, o profeta rogou-nos: "Que não alimentemos hostilidade contra ninguém, mas sejamos pacificadores, tendo sempre na lembrança a admoestação do Salvador: “Nisto todos conhecerão que sois meus discípulos, se vos amardes uns aos outros" ("Amansa teu temperamento", Conferência Geral, outubro de 2009, leia o discurso completo).
O diabo pacifica alguns. Meu presidente de Estaca sempre diz, repetindo os profetas: "a procrastinação é ladra da vida eterna". Satanás muitas vezes nos insta a cumprir os mandamentos, mas amanhã - e não hoje. Ele também nos aliena nas terríveis consequências do pecado. Ele diz que poderemos nos arrepender, ou que Deus é muito bom, e por isso não ira nos castigar. Nesses últimos dias muitos dizem: "Comei, bebei e alegrai-vos, porque amanhã morreremos; e tudo nos irá bem." Muitos também dizem: "comei, bebei e diverti-vos; não obstante, temei a Deus - ele justificará a prática de pequenos pecados; sim, menti um pouco, aproveitai-vos de alguém por causa de suas palavras, abri uma cova para o vosso vizinho; não há mal nisso. E fazei todas estas coisas, porque amanhã morreremos; e se acontecer de sermos culpados, Deus nos castigará com uns poucos açoites e, ao fim, seremos salvos no reino de Deus." (2 Néfi 28:7-8). Essa são "doutrinas falsas, vãs e tolas" (2 Néfi 28:9).
O diabo lisonjeia alguns. Muitas vezes Satanás incita os homens a descrença. Sim, até mesmo sussurra-lhes que ele não existe e que não é o diabo. Ele diz que Satanás é um ser mitológico ou criado pela mente humana. Creio que essa é uma de suas táticas mais bem sucedidas.
Lembro que quando eu era um missionário de tempo integral, quando eu servia em um ramo longínquo - e o trabalho era muito desafiador - de fato, foi minha área mais difícil no campo missionário; lembro que Satanás sussurrou-me que ele não existia e que não era o diabo. Compreendi que se eu acreditasse nisso, deixaria de crer na origem de meu chamado como missionário - e até minha crença em Deus seria abalada. Mas refutei essa tentação. Sei que o diabo é um ser real, e que devemos ter cuidado com suas mentiras.
O diabo faz com que alguns se irem contra a verdade. Faz com que outros confiem mais nos homens - em suas ideias, teorias e caprichos. Ele também faz com que alguns se envolvam em combinações secretas. Estas combinações são as maiores e mais destrutivas de suas táticas. (http://lucasmormon.blogspot.com.br/2010/04/eter-8-combinacoes-secretas.html).
Uma tática recente que o diabo tem usado foi declarada pelo Élder Bednar:
"Satanás também procura incentivar os filhos e filhas de Deus a subestimar a importância de seu corpo físico. Esse tipo de ataque é extremamente sutil e diabólico. Quero dar vários exemplos de como o adversário pode pacificar-nos e acalentar-nos com uma sensação de segurança carnal (ver 2 Néfi 28:21) e incentivar-nos a colocar em risco as experiências terrenas de aprendizado com as quais nos jubilamos (ver Jó 38:7) na existência pré-mortal.
Por exemplo: todos podemos divertir-nos numa ampla gama de atividades sadias, divertidas e motivadoras, mas subestimamos a importância de nosso corpo e colocamos em risco nosso bem-estar físico ao chegar a extremos insólitos e perigosos em busca de uma crescente descarga de adrenalina. Podemos justificar-nos dizendo que nada há de errado nessas aventuras e experiências aparentemente inocentes. Contudo, quando colocamos em risco o próprio instrumento que Deus nos deu para ter experiências de aprendizado na mortalidade, seja por mera busca de emoção ou diversão, por vaidade ou para obter aceitação, estamos na verdade menosprezando a importância de nosso corpo físico.
Infelizmente, alguns rapazes e moças da Igreja atualmente ignoram “as coisas como realmente são” e negligenciam relacionamentos eternos em troca de distrações, diversões e subterfúgios digitais que não têm valor duradouro. Dói-me o coração quando um jovem casal, selado na casa do Senhor para esta vida e para toda a eternidade, pelo poder do santo sacerdócio, enfrenta dificuldades conjugais por causa do efeito viciante do uso excessivo de videogames ou de redes de relacionamentos sociais da Internet. Um rapaz ou uma moça pode desperdiçar inúmeras horas, adiar ou perder realizações profissionais ou acadêmicas e, por fim, sacrificar ternos relacionamentos humanos por causa de videogames e jogos on-line que embotam a mente e o espírito. Como o Senhor declarou: “Portanto dou-lhes o seguinte mandamento: Não desperdiçarás teu tempo nem enterrarás teu talento, de modo que não seja conhecido (…) ” (D&C 60:13)."
Então o Élder Bednar destemidamente declarou:" Ergo hoje a voz apostólica de advertência para a possível influência asfixiante, sufocante, anulante e restritiva que alguns tipos de interações e experiências realizadas no mundo virtual podem ter sobre nossa alma. Essa preocupação não é algo novo, mas aplica-se igualmente a outros meios de comunicação como a televisão, o cinema e a música. No mundo virtual, porém, esses desafios são mais difundidos e intensos. Rogo que tomem cuidado com a influência entorpecente e espiritualmente destrutiva das tecnologias do ciberespaço que são usadas para produzir alta fidelidade e promover propósitos degradantes e malignos.
Se o adversário não conseguir persuadir-nos a fazer mau uso de nosso corpo físico, então uma de suas táticas mais eficazes é induzir-nos — nós que somos espíritos com corpo — a desligar-nos gradual e fisicamente das coisas como realmente são. Em essência, ele nos incentiva a pensar e agir como se estivéssemos em nosso estado pré-mortal, sem um corpo. Se permitirmos, ele pode astutamente empregar alguns aspectos da tecnologia moderna para atingir seus objetivos. Peço-lhes que tomem muito cuidado para não ficarem tão imersos e concentrados nos pixéis, textos, fones de ouvidos, torpedos, redes sociais on-line e usos potencialmente viciantes da mídia e da Internet, a ponto de deixarem de reconhecer a importância de seu corpo físico e de perderem a riqueza da verdadeira comunicação face-a-face. Tomem cuidado com as representações e informações digitais encontradas nas diversas formas de interação computadorizada que podem exibir toda a gama de capacidades e experiências físicas." (As coisas como realmente são, Serão do SEI - BYU, 3 de Maio de 2009, clique aqui para ler o serão completo).
As táticas do diabo são várias. E são todas perigosas. Ouvir os profetas e ler as escrituras diariamente nos salva dos enganos do demônio. Mais adiante falarei com mais demora sobre isso.

(continua)

7 de jan. de 2013

O PODER DO MAL - parte 1


Introdução 
                Começo com uma advertência: aqueles que se aprofunda em estudar o mal acaba se apegando a ele. O Élder James E. Faust ensinou: "Não é uma coisa boa interessar-se por Satanás e seus mistérios. Nada de bom pode resultar de aproximar-nos do mal. Tal como quando brincamos com fogo, é muito fácil nos queimar: “O conhecimento do pecado induz à sua prática” (Joseph F. Smith, Gospel Doctrine, 5ª ed., 1939, p. 373). O único caminho seguro é manter-nos bem distante dele e de quaisquer de suas atividades iníquas e práticas depravadas. Os males do culto ao diabo, da feitiçaria, da bruxaria, do ocultismo, dos encantamentos, da magia negra e todas as outras formas de demonismo devem ser evitados como praga.
                "No entanto, o Presidente Brigham Young (1801–1877) disse ser importante “estudar (...) o mal e suas consequências” (Discourses of Brigham Young, sel. John A. Widtsoe, 1941, p. 257). Sendo Satanás o autor de todo o mal no mundo, é essencial, portanto, dar-nos conta de que ele é a influência por trás da oposição à obra de Deus. Alma declarou esse ponto sucintamente: 'Tudo que é bom vem de Deus e tudo que é mau vem do diabo' (Alma 5:40)" ("As Forças que nos Salvarão", A Liahona, Janeiro de 2007, pg. 3).
                Não podemos ignorar os ardis do inimigo (II Coríntios 2:10-11), mas isso não significa ser complacente com a iniquidade.
                O Senhor disse que se nossos "olhos estiverem fitos em minha glória, todo o vosso corpo se encherá de luz e em vós não haverá trevas; e o corpo que é cheio de luz compreende todas as coisas." (D&C 88:67). E em mais de uma ocasião Ele ensinou que "luz brilha nas trevas e as trevas não a compreendem" (D&C 6:21, 45:7, 88:46). Perceba que as trevas não podem compreender a luz, mas a luz entende a extensão, profundidade e densidade das trevas. Isso é ilustrado no Livro de Mórmon na ocasião em que Néfi foi descrito como um homem que sabia "tão bem das coisas que nos acontecerão quanto de nossas iniquidades". Néfi não era iníquo, não tinha sido iníquo - ele, contudo, sabia perfeitamente sobre o estado corrupto em que se encontravam seus irmãos. Eles estavam em trevas. Néfi conhecia essa trevas tão bem quanto sabia a respeito do futuro, pois tinha o poder de profetizar (Helamã 8:8).
                O que quero dizer iniciantemente, portanto, é que não precisamos ser curiosos com as obras das trevas. Creio que assistir filmes, promover debates e ler livros sobre exorcismo, bruxaria, satanismo, etc. nos afastam de Deus e do conhecimento da divindade. Se nos empenharmos em estudar as trevas, sendo muito otimista, conheceremos apenas as mesmas. Se nos empenharmos em buscar a luz, entretanto, adquiriremos todo o conhecimento. E não levará muito tempo, após termos iniciar a jornada para a Suprema Luz, para percebermos que nenhum beneficio pode verdadeiramente vir da escuridão espiritual.
                Falemos agora algo sobre o poder do mal e a extensão das trevas, conforme ensinado nas escrituras e nas palavras dos profetas modernos. Tal assunto é exposto tão somente para advertir quanto aos ardis do diabo, que procura "tornar todos os homens tão miseráveis quanto ele próprio" (2 Néfi 2:27).

O poder de Deus e o poder do diabo
                Lemos nas escrituras que Satanás era chamado de Lúcifer, a estrela da manhã (Isaías 14:12). Esse título sagrado foi usado como um dos nomes do Senhor Jesus Cristo (Apocalipse 22:16). Estrela da manhã sem dúvida refere-se a uma posição de autoridade, liderança e poder. Sabemos que o sacerdócio, que é o poder de Deus, foi conferido na pré-mortalidade a Seus filhos (Alma 13:2-9). Sabemos que Lúcifer possuía o sacerdócio, e ainda o desfruta (Lucas 10:19, II Tessalonicenses 2:9, Alma 12:17). Evidentemente não é o sacerdócio de Deus, o qual se opera somente pelos princípios da retidão (D&C 121:36-37).
                Nesse ponto é instrutivo lembrar que "p poder do diabo é limitado, o poder de Deus é infinito" ("O poder do mal", Discursos de Brigham Young, pg. 69). O diabo tem apenas o poder, como ensinou o Presidente Brigham Young, para queimar, destruir, enquanto Deus tem o poder para organizar, construir e salvar "O poder do mal", Discursos de Brigham Young, pg. 70).
                Meu pai me contou certa vez o que ouviu em um discurso. Ele me disse: o poder de Deus não pode ser medido, todavia, como ilustração, imagine todos os exércitos da Terra reunidos - todos os seus armamentos e até bombas nucleares - imagine toda essa força bélica - esse seria o poder de Deus. Agora, pense em soldadinhos de chumbo de um menino de 10 anos - esse é o poder do diabo. O poder do diabo é ínfimo perto do de Deus.
                Apesar do poder do diabo ser pequeno comparado ao de Deus, ele, Satanás e seus seguidores, tem feito muito estrago à alma dos homens.
               
O poder do diabo da Vida pré-mortal
                Antes de nascermos Lúcifer se rebelou contra o  Plano de Deus e Cristo. O plano de Deus preceituava que todos os filhos de Deus teriam a oportunidade de serem exaltados – ou seja, de receberem as vidas eternas (GEE "Vida Eterna"). Não obstante, alguns poderiam se perder e não alcançar a meta do destino eterno. Devido as exigências da Justiça os desobedientes, no final da provação, teriam que sofrer. Mesmo o amor de Deus não poderia roubar a justiça (Alma 42:25).
Aparentemente Lúcifer se apercebeu que alguns de seus irmãos perderiam o privilégio de serem exaltados. O Plano que o próprio Pai Celestial tinha vivido e agora estava apresentando a seus filhos, representava uma taxa de risco - justamente por causa do dom do arbítrio. Lúcifer chegou à conclusão de que havia um caminho melhor. Ele pensou em privar todos os seus irmãos da liberdade de escolha que já tinham e obrigá-los a tomar decisões certas. Essas decisões corretas fariam com que a Divina Justiça recompensasse todos com a salvação. Todavia Lúcifer não considerou ou não se importou que se privados do arbítrio fossemos nunca poderíamos crescer realmente. Sem oposição não apenas as escolhas deixariam de existir, mas também, logicamente, suas consequências. A vida eterna estaria inalcançável e desfrutaríamos de uma salvação limitada.Leí ensinou que sem o arbítrio “não haveria retidão, nem iniquidade, nem santidade, nem miséria, nem bem, nem mal” e que “se fossem um só corpo, deveriam permanecer como mortas, não tendo vida nem morte, nem corrupção nem incorrupção, nem felicidade nem miséria, nem sensibilidade nem insensibilidade” (2 Néfi 2:11). Ele também ensinou: “E se disserdes que não há lei, direis também que não há pecado. E se disserdes que não há pecado, direis também que não há retidão. E não havendo retidão não há felicidade. E não havendo retidão nem felicidade não haverá castigo nem miséria” (2 Néfi 2:13).
Lúcifer achou que seu Plano era melhor do que o do Pai. Por isso não seria razoável que tendo um plano melhor que o do Pai estivesse no lugar Dele? Foi isso o que desejou. “Aquele Satanás (...) é o mesmo que existiu desde o princípio [como Lúcifer]; e ele apresentou-se perante mim, dizendo: Eis-me aqui, envia-me; serei teu filho e redimirei a humanidade toda, de modo que nenhuma alma se perca; e sem dúvida eu o farei; portanto dá-me a tua honra” (Moisés 4:1).
O profeta Joseph Smith ensinou: “A guerra no céu foi assim: Jesus disse que haveria certas almas que não seriam salvas; e o diabo disse que salvaria todas elas e apresentou seus planos ao grande conselho,  que deu seu voto a favor de Jesus Cristo. Então o diabo se rebelou contra Deus e foi expulso, juntamente com todos que se uniram a ele.”
Lúcifer tinha grande conhecimento e autoridade entre os filhos de Deus (D&C 76:25). Possivelmente ele se equiparava a outros nobres espíritos como Miguel e Joseph Smith. Mas Jeová era maior que todos (Abraão 3:19).
Em dado momento na vida pré-mortal o Pai Celestial reuniu todos os seus filhos. Aquele grande conselho não era para deliberar sobre o Plano. O plano já existia – o próprio Pai Celestial já o havia experimentado literal e pessoalmente[1]. E nós já o havíamos examinado e estudado muito. Aquele grande conselho era para decidir uma parte especifica e vital do Plano: quem seria o Redentor.
Como nosso Pai não queria que nenhum de seus filhos de perdesse, mas jamais os privaria do arbítrio (como Lúcifer idealizara), sabia que sem um poder redentor as falhas e pecados não poderiam ser corrigidos e apagados - e consequentemente não haveria exaltação. E nos conhecendo muito bem, o Pai sabia que a vida mortal seria uma época difícil onde muitos pecados poderiam ser cometidos.
O Pai perguntou: quem enviarei para ser o Salvador? O Senhor Jeová apresentou-se. Ele era o nosso irmão mais velho e o respeitávamos e o honrávamos como nosso líder. Ele se propôs a vir a Terra e ser nosso Salvador. Ele sofreria a penalidade por todos os pecados dos filhos de Deus e concederia um meio da validar o arrependimento sincero. Ele seria o Unigênito do Pai.
Um segundo manifestou-se. Não para cumprir o plano do Pai, mas para alterá-lo negativamente: tirando-nos dons e destronando o Pai!
“E o Senhor disse: Quem enviarei? E um semelhante ao Filho do Homem respondeu: Eis-me aqui, envia-me. E outro respondeu e disse: Eis-me aqui, envia-me. E o Senhor disse: Enviarei o primeiro. E o segundo irou-se e não guardou seu primeiro estado; e, naquele dia, muitos o seguiram” (Abraão 3:27-28).
Nossa escolha naquele grande conselho foi a de ficar ao lado do Salvador. Lúcifer tornou-se Satanás. Um terço dos filhos de Deus que viriam a esta Terra (em que nós vivemos) decidiram segui-lo. Eles foram privados da dádiva de um corpo e de um teste que os qualificaria para exaltação.
O Élder Robert D. Hales, do Doze, ensinou: “Por causa da rebelião de Lúcifer, houve uma grande batalha espiritual. Cada um dos filhos do Pai Celestial teve a oportunidade de exercer o arbítrio que Ele lhes dera. Decidimos ter fé no Salvador Jesus Cristo — achegarmos a Ele, segui-Lo e aceitar o plano que o Pai Celestial apresentou para nosso bem. Mas um terço dos filhos do Pai Celestial não teve fé para seguir o Salvador e decidiu, em vez disso, seguir Lúcifer, ou Satanás (D&C 29:36) E Deus disse: “Portanto, por ter Satanás se rebelado contra mim e procurado destruir o arbítrio do homem, o qual eu, o Senhor Deus, lhe dera (…), fiz com que ele fosse expulso” (Moisés 4:3). Aqueles que seguiram Satanás perderam a oportunidade de receber um corpo mortal, de viver na Terra e de progredir. Pelo modo como usaram seu arbítrio, perderam esse mesmo arbítrio. Hoje, o que Satanás e seus seguidores podem fazer é tentar-nos e provar-nos. Sua única alegria é a de tornar-nos “tão miseráveis como [eles próprios]” (2 Néfi 2:27, 9:9) Sua única felicidade acontece quando somos desobedientes aos mandamentos” (“Arbítrio: essencial ao Plano de Vida”, A Liahona, novembro de 2010, pg. 24).
A rebelião de Lúcifer causou uma divergência entre os filhos do Pai. Miguel, o arcanjo,líder nas eternidades, tomou a frente dos que ficaram ao lado de Jeová. Lúcifer e um terço dos filhos de Deus estavam determinados a lutar contra Jeová. “Então houve guerra no céu: Miguel e os seus anjos batalhavam contra o dragão. E o dragão e os seus anjos batalhavam, mas não prevaleceram, nem mais o seu lugar se achou no céu. E foi precipitado o grande dragão, a antiga serpente, que se chama o Diabo e Satanás, que engana todo o mundo; foi precipitado na terra, e os seus anjos foram precipitados com ele” (Apocalipse 12:7-9). Esse “grande dragão vermelho” que com “a sua cauda [levou] após si a terça parte das estrelas do céu, e lançou-as sobre a terra” (Apocalipse 12:3-4) foi vencido “pelo sangue do Cordeiro e pela palavra do seu testemunho” dos que ficaram do lado de Miguel (Apocalipse 12:11)
Alguns deduzem que a guerra dos céus foi uma guerra de ideias – de palavras. Imaginam estes que Lúcifer e seus seguidores tentaram persuadir com a eloquência os filhos de Deus. Embora a sutileza e lábia do diabo seja uma de suas características mais pungentes, não entendo que a guerra consistiu apenas em discussões. Nem consigo adequar tal interpretação as escrituras e experiências que tive. O diabo lutou nos céus como o faz aqui. É claro que suas armas não consistiam em espadas e lanças. E é bem verdade que a língua do demônio é sua maior ferramenta. Miguel e os santos de Deus expulsaram o demônio e suas hostes com toda fé que tinham, todo poder, sacerdócio, retidão, luz e verdade. O poder do testemunho não os levou a passivamente declarar de que lado estavam. Mas a agir segundo sentiam e sabiam.
Não houve inertes na guerra. Todos tiveram que tomar uma posição. Alguns ficaram do lado de Cristo com total devoção, outros mostraram-se menos fervorosos e outros ainda somente seguiram Cristo por não querem seguir o diabo. Diferentes graus de retidão foram demonstrados naquela situação critica. Todavia, as opiniões diversas não alteraram os resultados da batalha: Cristo venceu! A guerra, porém, não cessou. Ela continua no Segundo Estado, como lemos em Apocalipse 12:17.
“E eles [Lúcifer e seus seguidores] foram lançados abaixo e assim surgiram o diabo e seus anjos; E eis que há um local preparado para eles desde o princípio e esse local é o inferno. E é necessário que o diabo tente os filhos dos homens, ou eles não poderiam ser seus próprios árbitros; porque, se nunca tivessem o amargo, não poderiam conhecer o doce.” (D&C 29:37-39)
O Senhor permitiu que o diabo tentasse os seus filhos como parte da provação mortal. Mas se o diabo não se tornasse um diabo ainda haveria uma provação[2]. Como, porém, ele pecou e foi expulso, o Senhor permite que ele tente os filhos dos homens. Todavia, Deus estabeleceu limites para que ele, o demônio, não tente os homens acima do que podem suportar (I Coríntios 10:13).
Do mesmo modo como vencemos o diabo antes de nascermos devemos vencê-lo aqui na Terra.
Como consequência da maldade do Diabo, ele e seus seguidores nunca poderão nascer e ter um corpo. Eles estão condenados. A plenitude de seu castigo, entretanto, será cumprida no devido tempo do Senhor. Por ora eles estão soltos tentando os homens.

(continua)



[1] O Pai Celestial já foi um homem como nós e nós podemos ser como Ele. O Presidente Lorenzo Snow escreveu sobre “uma circunstância que ocorreu um pouco [antes de uma missão na Inglaterra em 1840]—algo que se fixou em minha memória para nunca mais apagar-se, por ter sido uma manifestação extraordinária. Naquela ocasião, eu estava na casa do Élder H. G. Sherwood; ele estava tentando explicar a parábola de nosso Salvador sobre o homem que contratava servos e os enviava em horas diferentes do dia para trabalhar em sua vinha. Ao ouvir atentamente a explicação dele, o Espírito do Senhor repousou sobre mim com grande poder – os olhos de meu entendimento abriram-se, e enxerguei claro como o meio-dia, com admiração e espanto, o caminho de Deus e do homem. Criei o seguinte verso com a revelação que me fora mostrada. (…) Como o homem é hoje, Deus já foi: Como Deus é hoje, o homem pode ser. Senti que se tratava de uma comunicação sagrada.” (Eliza R. Snow, Biographyand Family Record of Lorenzo Snow [1884], p. 46).
[2] O arbítrio não depende da existência do diabo. De fato é isso que ensinam as escrituras. Havia oposição no céu, mesmo sem um diabo. Decidíamos aprender ou não;escolhíamos servir ou não, resolvíamos obedecer ou não. Havia alternativas, havia escolhas a serem feitas. E as distintas opções eram atrativas, ambas resultavam em diferentes consequências e era impossível escolher as duas simultaneamente. Foi por isso que alguns cresceram mais do que outros. Como exemplo, 2 Néfi 2:15, ensina que “para conseguir seus eternos propósitos com relação ao homem” depois que Deus criara Adão e Eva, “era necessária uma oposição” – mas essa oposição já existia porque “o fruto proibido [estava] em oposição à árvore da vida”. Satanás quis destruir o plano de Deus e interferiu no Éden; mas, em vez de frustrar o Plano, acabou adiantando o processo de levar o homem à mortalidade. Se ele, o diabo, não aparecesse e desse o fruto a Adão e Eva, o Plano de Deus seguiria e num dado momento nossos primeiros pais, exerceriam o arbítrio e comeriam do fruto - pois tudo fora feito "segundo a sabedoria daquele que tudo conhece" (2 Néfi 2:24). Deus não depende do diabo para provar e exaltar seus filhos.